LIÇÕES DE UM SÁBIO DIPLOMATA (III)

O embaixador Paulo Tarso Flexa de Lima introduziu no Itamaraty a preocupação com “vender” nossas ricas possibilidades no exterior. Ele lutava bravamente para convencer empresários a investir no Brasil.

Foi um golpe na “diplomacia dos punhos de renda”. Todos tiveram que aderir a essa prática, ainda que em graus diversos de engajamento. Um passo à frente!

Ainda mais: ele chefiou nossa embaixada em Londres e, D. Lúcia, de quem muito falamos no segundo artigo da série, tornou-se a maior amiga e única confidente da sofrida e sensível Lady Di.

Isso abriu todas as portas britânicas para as ideias e aspirações do Brasil na época, representado por Paulo Tarso.

Com a transferência do casal para Washington, Lady Di passou a dividir seu tempo entre Londres e Washington, hospedando-se na residência do embaixador e de D. Lúcia Flexa de Lima.

Assim todas as portas se abriram para as questões de interesse do nosso país: foi graças à competência de Paulo e à amizade maternal e filial entre Lúcia e Diana.

Os jornais viviam atrás do trio. Nos verões, misturavam-se com os bilionários americanos e com a nata política da superpotência.

Lady Di chegava ao ponto de telefonar para o Secretário de Estado (a 2ª maior autoridade dos EUA) e marcar, “para ontem”, um encontro dele com Paulo Tarso. Impressionante!

Tem governante que enxerga pouco e, por isso, manda qualquer “simpático” para postos-chave, o que é um grande erro diplomático.

Washington é o número um. E os “simpáticos” não conseguem falar nem com o sub do sub das autoridades americanas. Liam os jornais e apenas mandavam notícias diárias para Brasília enquanto curtiam as mordomias e a mansão à disposição dos embaixadores brasileiros.

Quando eu via esse “espetáculo” da mediocridade de perto, sentia pena do meu país e uma certa compaixão irritada, confesso, dos incompetentes!

Sentia isso pela turminha apegada a políticos “influentes” e caolhos, esses que vivem da ânsia de subirem para postos acima da limitada capacidade deles.

Paulo Tarso e Lúcia Flexa de Lima eram uma dupla imbatível. Nada era impossível para eles. Tipo Pelé e Messi jogando no mesmo time.

Paulo não chegou a ser Ministro porque “forças ocultas” não tolerariam seu brilho, sua sagacidade e sua experiência. Afinal ele acumulava vitória em cima de vitória, ferindo assim o ego de pessoas menores.

PAULO TARSO FLEXA DE LIMA, gigante da diplomacia, do pragmatismo e da capacidade de fazer amigos relevantes por onde passava!!!

LIÇÕES DE UM SÁBIO DIPLOMATA (II)

Faz muitos anos que a empresa Camargo Corrêa, que fazia um trabalho no Iraque, viveu grave crise com os governantes de lá. Os trabalhadores brasileiros foram sequestrados pela ditadura daquele país. O Ministro das Relações Exteriores pensava, com urgência, em quem seria o melhor diplomata para ir ao Iraque e negociar a libertação do pessoal sequestrado.

Maliciosamente, um embaixador sugeriu o colega Paulo Tarso Flexa de Lima, supondo que ele fracassaria. Paulo, sempre calmo, aceitou e decidiu levar sua esposa, a inteligente embaixatriz Lúcia Flexa de Lima. Aposta ousada, porque era grande o preconceito, no mundo islâmico, em relação à participação de mulheres em política e em fatos decisivos.

Mas Flexa de Lima sabia bem o que esperar de sua companheira. D. Lúcia fez um belo jantar, usando burca e fazendo reverências aos visitantes, levando-os à mesa cuidadosamente posta por ela. E se retirou, deixando o marido para as delicadas negociações pela liberdade dos brasileiros. O chefe da delegação pediu a Paulo Tarso que chamasse D. Lúcia. Ela voltou cautelosa, do mesmo jeito que recebeu os convidados. Pediram-lhe que tirasse a burca e a convidaram para tomar um chá com os presentes. Ela fitou o marido, que disse sim, cheio de orgulho da esposa. Saiu aí a decisão dos líderes de permitir a liberação dos trabalhadores. Paulo, com D. Lúcia ao lado, chegou ao Brasil com os trabalhadores, sob aplausos da Nação.

Para ele, missão dada era missão cumprida.

LIÇÕES DE UM SÁBIO DIPLOMATA

Concluí o Curso de Preparação para a Carreira de Diplomata, no famoso e internacionalmente respeitado Instituto Rio Branco. E fui para Brasília iniciar um período que me ensinou muito sobre a vida e o mundo.

Meu pai, Arthur Virgílio Filho, era um bom amigo de um dos mais competentes e talentosos embaixadores que tive a honra de conhecer: Paulo Tarso Flexa de Lima.

Em um certo início de noite, surpreendi-me com um telefonema e logo reconheci a voz inconfundível desse grande brasileiro, amigo de meu pai. Conversamos um pouco e ele me fez um convite: “Arthur, aceita ir comigo ao Clube das Nações, para abraçar nossos colegas que acabaram de ser promovidos?”.

Na hora combinada, Paulo Tarso me pegou na entrada do Palácio do Itamaraty e o motorista tocou para frente. Só que eu percebi que estávamos indo em direção que não levava ao Clube. Observei isso e, imediatamente, recebi a resposta: ”Arthur, passaremos antes na casa de um colega e amigo que, infelizmente, não obteve sua promoção. Após a visita iremos cumprimentar os que subiram um passo importante em suas vidas”.

Chegamos depois no festejo dos promovidos e Paulo Tarso foi extremamente gentil com todos os presentes.
Amanhã mostrarei um exemplo de como um grande diplomata pode resolver uma crise que, para os pessimistas, parecia insolúvel.

Excelente ser humano. Notável cérebro da diplomacia brasileira.

EXCESSOS DOS DOIS LADOS

Lamentável a invasão do Palácio do Planalto, do STF e do Congresso. Isso se deve a radicalismos de ambos os lados. Invadir os símbolos de poder é algo extremamente grave. Por outro lado, o respeitável ministro Alexandre de Moraes, por exemplo, extrapolou dos seus poderes.

A grande imprensa praticamente ignorou um movimento integrado por mais pessoas a cada dia. E essas pessoas insistiram, até ontem, sem nenhuma atividade que significasse violência. Hoje, o balão estourou. O que acontecerá, daqui para frente, não sou capaz de prever.

Faltou diálogo. Vejo no noticiário, que ignorou a escalada das manifestações, a atitude simplista de se jogar toda a culpa no governador do DF.

O governo recém-empossado parece não ter comando efetivo e nem atitudes na direção do diálogo. E vejam que o presidente é tarimbado nesses atos.

Ou se esqueceram da invasão, por militantes seus, do Ministério do Planejamento, quebrando vidros e até colocando uma galinha na mesa do ministro Antônio Kandir? Logo ele, que fazia do MST um dos seus braços de luta?

O confronto pela força começou. Isso resolverá a delicadíssima situação de um país polarizado entre uma “direita” que nada tem a ver com Margareth Thatcher, Passos Coelho ou Ângela Merkel, e uma “esquerda” que nunca leu ‘O Capital’, de Karl Marx, nem na edição em quadrinhos.

Fica a pergunta: as bombas de efeito moral e os cassetetes porão fim ao conflito ou o quadro continuará se agravando?

Que Deus proteja os brasileiros!

O BOM GOVERNANTE

Um país para progredir precisa, obviamente, ser governado por pessoas honradas. Deve o governo desse hipotético país cuidar de formar maioria parlamentar, procurando pessoas corretas que já estão em plena atividade e os novatos de valor e maturidade. Evitar os sangue-sugas e valorizar as pessoas preparadas e leais.

Um governo sério é aquele que cabe no seu orçamento anual. É o que não faz promessas vãs e não se deixa levar por ‘facilidades’ que, depois, viram dificuldades, muitas vezes, intransponíveis. Um governante eficaz é aquele que trabalha com as contas públicas bem arrumadas. Afinal, o sinal de probidade e cabeça econômica no lugar demonstra a credibilidade que o país merece…ou não?

Governante útil é o que consegue enjaular a inflação e não a deixa escapar nunca. O bom líder sabe lidar com o desafio do câmbio, eternamente guerreia contra a inflação e é absolutamente cumpridor de cada determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Um grande governante precisa conseguir, para o seu povo, um crescimento tipo 4% a 4,5%, anuais, com uma inflação entre 1,8% a 2%.

Se uma nação como o Brasil tiver esses números, por uns 20 anos seguidos, a prosperidade sustentável virá inexoravelmente. Nada de leigos ou papagaios que já não conseguem aprender truques novos.

Fiquei muito honrado com a nomeação da brilhante e eficaz professora Kátia Helena Serafina Cruz Schweickardt, para ocupar a Secretaria Nacional do Ensino Básico. Um quadro de excelência e que serve de exemplo para os maledicentes de plantão. Ela é a cara dos governos que dirigi e está pronta para, eventualmente, até mesmo assumir o MEC inteiro.

Bom sábado para todos. Felicidades!

DEFENDER E MODERNIZAR A ZONA FRANCA II

Discutamos um pouco sobre a grave questão tributária, a lerdeza nos despachos das mercadorias que chegam a Manaus e daqui saem a passos de jabuti e a necessidade de entrosamento entre os governos federal e estadual.

Sugiro que o governo estadual crie uma Câmara de Desenvolvimento, onde se reuniriam um representante do governo federal, a Suframa, a Receita Federal e a Sefaz. Objetivo inicial: desburocratização e simplificação dos processos e da logística.

O aumento do incentivo de crédito-estímulo de ICMS pode ser realizado para os produtos que não tiveram recuperadas as alíquotas de IPI, não podendo ser universalizado entre os produtos fabricados em decorrência dos impactos na arrecadação estadual.

Mostra-se urgente a criação de um ambiente propício aos negócios no Amazonas.
É preciso, então, combater e eliminar a burocracia sem perda do necessário controle. E temos de investir fundo na reestruturação dos processos de entrada e saída de mercadorias.

DEFENDER E MODERNIZAR A ZONA FRANCA I

Considero que devemos recorrer ao STF, diante de qualquer ataque às prerrogativas do Polo Industrial de Manaus, que são todas protegidas pela Constituição Federal.

Mas há outras possibilidades, outros deveres nossos, nessa luta incessante pela preservação da civilização de nossos antepassados, que a ergueram em pleno coração da maior floresta do mundo. Elenco algumas: estímulos ao comércio, ao setor de serviços, ao turismo, ao setor imobiliário, à piscicultura, à agricultura, onde ela couber – e às indústrias não incentivadas. São matrizes econômicas que devem se somar a uma Zona Franca que precisa de fortes investimentos para não morrer.

A realização desses setores todos significariam um Amazonas forte e sem fome, uma floresta salvaguardada e pronta para ser explorada SUSTENTAVELMENTE. As folhas das árvores da grande floresta, equivaleria a gerarmos riquezas trilionárias, sem desmatamento ilegal.

Resumindo, teríamos um Brasil próspero e livre de ameaças de intervenção militar que, a pretexto de proteger o clima do planeta (e as mudanças climáticas devem ser combatidas com muito vigor, sim!) deslocaria a Amazônia da soberania nacional.
Boa leitura a todos que amam este pedaço de chão.

Amanhã tem mais.

Um ano desafiador

A partir deste 1º de janeiro, assim como sempre, desejo um Feliz Ano Novo às amazonenses e aos amazonenses. Mas advirto que o quadro é desafiador na economia, que sofrerá turbulências; na política, que deve exigir obediência ao mandamento constitucional: os poderes, que são três, têm de voltar ao equilíbrio e à interdependência entre eles. O ativismo judiciário não é bom para a democracia. Executivo e Legislativo não devem abrir mão de sua prerrogativas.

Cobro reformas estruturais, como a tributária e a do Estado (37 ministérios representam mais gastos de custeio e menos recursos para investimentos). É inevitável um forte ajuste fiscal, um rigoroso ajuste nas contas públicas. Sem isso, a inflação ganhará força, o país perderá credibilidade junto às empresas que analisam riscos e os investidores tenderão a minguar.

Sou, então, a favor de privatizações e concessões onerosas, estas no campo das estradas, da construção de ferrovias (nossa malha ferroviária é nanica) na exploração privada de estradas, parques e de tudo que seja vantajoso para o Brasil e para os investidores. CUSTO ZERO PARA OS COFRES PÚBLICOS.
É porque amo Manaus, Amazonas e Brasil, que me preocupo. É fácil não fazer nada, deixar o comando com a inércia e a incompetência. No Brasil, não faltou quem chamasse o presidente Juscelino Kubitscheck de louco, por sua ousadia de construir Brasília, que seria a nova capital federal, equidistante de todas as regiões do país. Pois o “louco” JK construiu uma cidade modelo em apenas 3 anos e 4 meses. Bendita loucura do estadista. Nietzsche acertou na mosca: “Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura”. Ousadia e honradez, eis as necessidades básicas da nação brasileira.

Ponto relevante para o Amazonas, Manaus e o mundo todo: não vale apregoar que os incentivos do Polo industrial da Zona Franca foram prorrogados até 2073. Os incentivos, sozinhos, não garantem a sobrevivência do modelo. Momento delicado. Se a Zona Franca ruir, levará junto a floresta, afetará muito negativamente o clima do planeta e nossos rios majestosos virarão córregos insignificantes.

A Zona Franca, vive momento crítico

O Polo Industrial da Zona Franca de Manaus perde com o relatório do ministro Francisco Falcão, do STJ, que obriga produtos importados a pagar PIS e COFINS.

A Zona Franca, que sustenta a maior parte da floresta amazônica, vive momento crítico. Precisa de ajuda e não de restrições cada vez mais frequentes. O valor que recebe de incentivos fiscais cada vez menos garante as vantagens comparativas do modelo que nos sustenta.

Incrível é vermos como esse Brasil tapado dá tanto valor ao agronegócio que, de fato, é fator fundamental para o êxito de nossa balança comercial, mas desconhece que a água que banha o agro vem dos “rios voadores” que nossa floresta produz e irriga, praticamente, todo o território brasileiro, mais Uruguai e Argentina.

Precisamos de porto eficaz, de hidrovias, da estrada BR-319, de telefonia celular que funcione, de internet viável, de aperfeiçoamento de mão de obra, de incremento do capital intelectual, de muitas reformas, enfim. Como está, a ZFM fenecerá. Embaixo de perseguições e boicotes, o modelo ruirá. E o Brasil amargará duros momentos, a começar pelo rompimento com todos os países que se preocupam sobremaneira com a crise climática.

Abram os olhos e percebam como seria estúpido matar a galinha dos ovos de ouro.

PELÉ MORREU?

Pelé faleceu? Mas como, se ele é imortal? Morte é hierarquicamente muito menor que imortalidade.

A notícia, que correu o mundo em minutos, não explica bem o que efetivamente aconteceu. Confundiram Edson Arantes do Nascimento, que foi vitimado por um câncer devastador, fechou seus olhos e deixa muitas saudades. Mas Pelé continuará vivo eternidade afora. Imortal não morre. O maior e melhor jogador de futebol do mundo fez, isto sim, uma viagem longa, sofrida, depois de disputar seu combate mais renhido e significativo.

Viajou para se encontrar com Mané Garrincha, Muhammad Ali, Joe Louis, o invencível Zamberini, D. Helder Câmara, La Passionaria, Martin Luther King, Nelson Mandela, Joana d’Arc, John Maynard Keynes, Albert Einstein, Picasso, Machado de Assis, Fernando Pessoa, João Pessoa, Arthur Rimbaud, Paul Verlaine, Castro Alves, da Vinci, Nara Leão, Gal Costa, Vinicius de Morais e Antônio Carlos Jobim, o Tonzinho inesquecível de minha querida Ana Lontra Jobim.

Vai todo mundo aprender a jogar futebol com Pelé e Garrincha, e o Rei acabará escrevendo um livro sobre a dimensão inalcançável onde ele está agora.

Édson morreu e carrega o nosso carinho e respeito. Mas Pelé? Este não falecerá jamais, simples e obviamente porque imortal está acima e além da morte.