A VERDADE SOBRE CHINA X TAIWAN

A VERDADE SOBRE CHINA X TAIWAN

O quadro é este: Taiwan detém cerca de 50% da produção dos semicondutores simples e não está aí a cobiça maior de XI Jinping.

A China está de olho grande é nos semicondutores sofisticados, 100% produzidos por Taiwan. Em miúdos, caso consiga a “proeza” de tomar de Taiwan a produção dos semicondutores que, nas mãos de Taiwan, enriquecem um povo culto e trabalhador, a força da China, sobre outros países, seria desmedida.

China sonha tornar-se monopolista mundial dos semicondutores especialíssimos, necessários para máquinas, armas e engenhos sofisticados, que dependem desses semicondutores.

China deseja ser chefe do mundo. Seus líderes são superiores a Putin em inteligência e estratégia.

China pretende, claramente, invadir, dominar e subjugar Taiwan. E é certo que, nessa hipótese, a brava ilha resistirá.

Resistirá! Nem tanto trocando tiros e bombas com o gigantesco adversário, mas destruindo todas as fábricas, do chip ao semicondutor especial completo.

Resistirá! Certamente passando segredos e fórmulas a quem seja leal à soberania dos povos. Taiwan escapou da ditadura vizinha e foi viver sua vida tornando-se uma potência tecnológica afim de liberdade e distante da prepotência e do autoritarismo.

STÉDILE E MST SÃO CONSELHEIROS DE LULA?

Stédile e MST são conselheiros de Lula?

Lula diz à imprensa chinesa que Brasil não vai mais vender empresas estatais.

Que declaração tola de um homem que não sabe ficar calado. Ele certamente pensa (e pensa errado), que a China não é um país capitalista.

Não sabe que a China é capitalista. Nem que ela é tão capitalista quanto os EUA e muito mais capitalista que nosso indigitado Brasil.

Misturar assuntos de governo com um tipo primário como Stédile, que acha bonito invadir terras produtivas, prejudicando o agronegócio, principal item de nossa balança comercial, pelo lado da exportação.

E o presidente gasta dinheiro público, incluindo um tipo assim numa viagem à segunda superpotência do planeta.

Talvez seja muito lhe pedir para não enganar ao senhor mesmo. Na China tem aquele parlamento “para inglês ver”, que pertence todo ao estadista-ditador Xi Jinping.

Se a China fosse comunista, não teria prosperado como prosperou. Então, ir lá e permitir que um invasor de terras diga asnices para autoridades chinesas, redunda em desmoralização do seu governo, perante quem manda mesmo naquele país.

Presidente, caia na real, erre menos e comece a governar a sério e não cosmeticamente!

Quem avisa, adversário leal é.

QUE DEMOCRACIA É ESSA?

QUE DEMOCRACIA É ESSA?

Não entendi a razão de o Gabinete Institucional (GSI) ter recusado o pedido da Câmara dos Deputados de receber o inteiro das imagens gravadas pelas câmeras do Palácio do Planalto, ao longo do dia 8 de janeiro, certamente exibindo a baderna e os detalhes da repugnante invasão. Qual o motivo? Seria temor? Se é temor é inevitável indagar: temor de quê, temor de quem?

Meu entendimento é claro: o STF deve ouvir o ex-presidente Bolsonaro? Nada mais lógico do que ouví-lo.

Mas e o outro lado da moeda? É para esquecê-lo? É para proteger pessoas. Se é, quais seriam essas pessoas? Quem seria a principal  pessoa a ser protegida? E se há pessoas sendo protegidas, não estaria sendo cometido um delito, um crime grave?

O que explicaria a negativa à Folha de São Paulo de consultar sobre essa dúvida gritante, fechando as portas da Lei de Acesso à Informação?

Por que a decretação do sigilo? Não é algo estranhável, anormal até, numa democracia que alguns ameaçam desmerecer?

Do governador do Distrito Federal a cobrança por “omissão” foi dura. A mim soou como um castigo injusto…e o tempo de afastamento do cargo se me afigurou como uma espécie de ‘domesticação do governante, para ele aprender a rezar na cartilha do poder’. Ou meu raciocínio, sempre modesto, estaria sendo, além de modesto, absurdo e descabido?

Lula não foi surpreendido. Tinha ao seu lado a Abin e o GSI. Fui Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência e conheço, de cadeira, a eficácia desses órgãos de informação.

Ouso expor outra opinião modestíssima: haveria governistas infiltrados, incitando à baderna e dela participando vigorosamente?

Isso explicaria, por exemplo, o medo presidencial de uma CPI? O desejo de evitar desgastes inapagáveis para donatários do poder?

A democracia brasileira já estaria tão frágil, a ponto de julgar normal a proibição e o sigilo, com referência à Lei de Acesso à Informação?

Estaríamos vendo surgir um tipo novo de “democracia”?

DIPLOMACIA NÃO É PARA AMADORES

DIPLOMACIA NÃO É PARA AMADORES

A viagem de Lula à China foi um desastre, do ponto de vista das tradicionais relações entre Brasil e EUA.

Literalmente, meteu a mão na cumbuca. Discutiu, com ares de aceitação, a intenção chinesa de tirar mais e mais prestígio do dólar. E a visita à empresa Huawei, segundo entrevista do tarimbado embaixador Thomas Shannon, não foi inteligente. A Huawei é analisada pelos EUA, como um risco à segurança americana.

Diplomacia eficaz é a que defende os interesses do seu país, ampliando e não reduzindo e minimizando relações. É não ser precipitada. De preferência, entender-se bem com dois ou mais litigantes. É não ser juvenil. É ser pragmática e tirar vantagens objetivas e claras das relações que estabelece com quem quer que seja.

Diplomacia não é turma de esquina, que sistematicamente entra em conflito com outra turma de esquina qualquer.

Diplomacia não privilegia a simpatia ou o que parece “amizade”. É, isto sim, ver o que é bom para o país e perseguir o objetivo sem imitar elefante em loja de louças.

Não é para amadores. É para profissionais!

POLÍTICAS DA FANTASIA

POLÍTICAS DA FANTASIA

Brasil vive essa crise de compreensão dos seus governantes. Rússia, hoje, é país perdido nos sonhos/pesadelos de grandeza. Índia cuida de avançar tecnologicamente e luta com o desafio de alimentar 1,4 bilhão de bocas. China está ali só para cooptar aliados e fregueses. África do Sul tem o respeito mundial a Mandela.

São economias em estágios diferentes de desenvolvimento. Sua presidência vale mais como prestigiamento, por exemplo: a primeira ex-chefe de Estado como Dilma, que afirma que “o Sul que quer emergir conta também com países do Norte”.

Mercosul é um fiasco. Argentina em hiperinflação, Venezuela se dissolvendo nas garras de Maduro e Brasil colecionando tolices econômicas ditas por Lula.

Esperto foi o Chile, que percebeu o fiasco a tempo e fez cento e tantos acordos bilaterais, enquanto o marasmo é a marca essencial do Mercosul.

Jim O’Neal, economista-chefe da Goldman Sachs, cheio de boas intenções, sugeriu a formação dos BRICS. Valeu pela intenção! Não tem dado certo!

UM GOVERNO OU UM DESATRE?

Governo Lula precisa levar a sério a necessidade de promover ajuste fiscal: cortar gastos supérfluos, redirecionar gastos para finalidades essenciais, reduzir o número de ministérios, privatizar as estatais à exceção das que tratam de estratégia militar.

E o arcabouço fiscal, montado pela equipe de Haddad, não é confiável. Continua sendo visto pelo mercado com ceticismo. Como acreditar numa “proposta de ajuste das contas públicas”, se Lula inaugurou seu governo criando ministérios?

Em fevereiro, a arrecadação foi recorde e, mesmo assim, o governo ainda fechou com um rombo de mais de R$41 bilhões. Tem seriedade nisso? Só não perceberiam o desastre mais próximo os violinistas do Titanic.

Carta à Ministra Simone Tebet

Carta à Ministra Simone Tebet

Prezada Ministra Simone Tebet, sempre mantive carinho especial por você. Mesmo à distância!

Afinal, você é filha de um querido amigo, correto homem público, dotado de inesgotável sentimento pelos seres humanos, pelo seu estado e pelo Brasil.

Fiz questão de comparecer à despedida de Ramez Tebet, amigo especial, que não esqueço de forma nenhuma.

Cara Simone, vou passar-lhe dados que mostram a importância do Polo Industrial da Zona Franca de Manaus, para o Amazonas, Brasil e para o planeta.

A devastação, nas florestas amazônicas, têm sido cotidianas e irresponsáveis. O Pará guarda percentual baixo da imensa riqueza em biodiversidade que um dia foi pujante e promissora.

Como estaria a Amazônia venezuelana, nas mãos de Maduro, ditador à antiga e celerado à altura de seus piores assemelhados?

Como estariam a Amazônia colombiana e as demais, donas de riquezas inesgotáveis, rios dadivosos e enormes possibilidades de desenvolvimento, desde que mantidas as árvores em pé?

A parte da floresta que cobre o Amazonas, tem preservado 95% das árvores originais. Isso protege os rios, que são irmãos siameses das matas: se ela desabar, eles virarão córrego e se os rios forem poluídos fortemente pelo garimpo ilegal, a floresta não resistirá. Amazônia é floresta, índios e rios. Brincar com esse equilíbrio, como estão fazendo, significará a perda de US$ trilhões. Afinal, falamos da região mais rica e estratégica do Brasil e um dos pontos-chave para o êxito ou a inviabilização da vida humana nos anos finais deste século. A própria soberania do país sobre a Amazônia está em risco real. Ainda depende do Brasil, por ação ou inação, mantermos ou perdermos a Amazônia.

O Polo Industrial da Zona Franca mantém a maior parte da floresta amazônica pronta para exploração sustentável, em níveis capazes de acabar com a extrema pobreza em todo o país. O Brasil é alienado e ignorante, em relação a esse fato indesmentível.

O Polo Industrial recebe apenas 8% dos incentivos fiscais totais. No fim de cada exercício, devolve mais do que isso para o Tesouro e, acredite, o Amazonas paga, de impostos, mais que todos os estados da Amazônia ocidental e oriental somados. O Polo precisa de investimentos em porto, aeroporto, especialização dos trabalhadores, formação de mais capital intelectual, hidrovias (como ficará a R-319?), telefonia celular, internet e polos mais contemporâneo como o de drones, por exemplo.

Sobre incentivos fiscais: um espirro das indústrias do ABC, é imediatamente tratado como se fosse grave pneumonia, misturada com tuberculose crônica. A Zona Franca nasceu da lucidez do, à época, Ministro do Planejamento de Castelo Branco, notável diplomata e economista Roberto Campos.

Ele seguiu exemplos dos EUA no Tennessee Valley, do Midi francês e do Mezzogiorno italiano. Três regiões pobres, necessitadas de incentivos rumo ao desenvolvimento

De cada 100 economistas brasileiros, 120 nunca pisaram na Amazônia, a não ser em visitas a hotéis de selva. E 150 nunca leram nada profundo sobre a região. Ao contrário dessa paralisia intelectual, o interesse do mundo desenvolvido se traduz em cobiça, bolsas de estudo e incontáveis seminários, conferências e palestras. Se o Brasil não quiser a Amazônia, esteja segura, Simone, de que os países que a pesquisam intensamente, fariam qualquer coisa, em troca do controle sobre a Amazônia.

Lamento a ausência dos três deputados amazonenses, que perderam a sua fala no Grupo de Trabalho sobre Reforma Tributária. Devem ter tido razões expressivas para a grave omissão.

Perdoe o tamanho deste “bilhete” e visite nosso Polo Industrial. Não permita que lhe confundam o raciocínio com argumentos típicos de quem fala sem saber exatamente o que está falando.

Recomende-me ao seu esposo e a todos da família do inesquecível Ramez.

Arthur Virgílio Neto

PRESIDENTE, ENTRE NO SÉCULO XXI

No Brasil, de acordo com o último Boletim Focus, a projeção da inflação deste ano subiu de 5,93%, para 5,96%. Há tensão e incertezas. O Governo Lula é pouco concreto em matéria de políticas públicas. E se mostra retrógrado, descrendo da importância do mercado, sendo contra privatizações e até falando, absurdamente, em reestatizações.

A taxa inflacionária foi elevada pela 11ª semana consecutiva, o que sugere processo consistente que assusta investidores e pessoas do dia a dia, que sentem nos preços e na hipótese sólida de a inflação, que deveria estar enjaulada, recomeçar a pairar, bem viva, sobre as vidas de todos, sobretudo a vida das pessoas mais pobres.

Os mercados financeiros nacional e internacional acompanham, com atenção, a movimentação da economia brasileira. A inflação persistente preocupa, sobremaneira, quem traz consigo o senso crítico e de responsabilidade.

Governo Lula se revela frágil, artificial, inoperante e precocemente envelhecido. Precisaria dar a volta de 180 graus. Necessita, urgente, _aggiornar_ seus métodos, ingressar no século XXI, deixar a economia caduca de lado e governar, de verdade, o país.

MISSÃO PATÉTICA

MISSÃO PATÉTICA

Celso Amorim vai à Rússia, representando Lula, para “mediar” a paz com a Ucrânia. Meu pai me dizia: “filho, não tenha medo de homem, mulher ou lobisomem. Medo só do ridículo!” Pois a viagem de Amorim é patética. A Rússia, hoje, é satélite da China, que deseja apresentar a paz como obra chinesa.

Amorim viajou com suporte da ONU? Não! A pedido do G-6? Também não. Parece aquela patacoada Lula + líder turco Erdoğan, indo juntos ao Irã, por conta própria, para negociar limites da política nuclear iraniana. Virou piada dentro e fora da ONU.

A primeira exigência, em matéria de política externa, ao governante de um país, é ele saber exatamente o peso que tem. Se sabe, pode crescer no concerto das nações. Se não sabe, estará fazendo papel de Odorico Paraguaçu. Na França ele será bem recebido.

Mas essa decisão não passa pela cabeça sensata de Emmanuel Macron, mas sim por China, Rússia, EUA, Ucrânia e representante da OTAN. O jogo é alto. Os dois grandes (Rússia não está nessa lista) negociam, por vários meios. Mais indiretos que diretos.

EUA e China são rivais e se atacam, mas obedecem às “regras” do jogo: brigar, na mídia, violentamente. Com armas, não! Um depende do outro, suas economias estão tão imbricadas que se uma falir, o outro vai junto. China planeja que sua moeda suplante o dólar e EUA resistem na defesa de sua moeda.

EUA precisam manter o dólar como a moeda do “mundo todo”. Mas tanto EUA quanto China não têm nenhum interesse numa Terceira Grande Guerra. Fazem política com nações envolvidas em conflitos. Não raro, “auxiliam os dois lados”. EUA não vivem longe de pequenas guerras.

O complexo industrial militar dos EUA exige guerras, pois emprega centenas de milhares de pessoas. É refém de eternos conflitos armados… por eles mesmos. Com a China, a rivalidade é grande. Ambos se armam, pensando um no outro. Existe tensão, mas longe ainda de reedição da Guerra Fria.

Que razão, além do sentimento provinciano, justifica a viagem de Celso Amorim à Rússia, para negociar a paz com a Ucrânia? De onde vem essa força “toda”? É pra fazer “bonito” na mídia interna e deixar perplexa a mídia externa? Presidente Lula, evite o ridículo. Conheça o seu tamanho.

Sou filho de um HOMEM: A CARA DA CORAGEM, DA GENEROSIDADE, DO PERDÃO E DA RESISTÊNCIA!

Arthur Virgílio Filho

Meu pai, Arthur Virgílio Filho, criador da Universidade Federal do Amazonas e um dos mais notáveis oradores que já passaram pelo Senado, morreu duas vezes em 31 de março: quando se instalou, no Brasil, a ditadura de 20 tenebrosos anos. E morreu, dignamente, depois de lutar, com bravura, contra um câncer devastador.

Morreu sereno, corajoso, como quem tivesse – e tinha – um compromisso com o destino. Honrou todos os amazonenses, com sua inata disposição de luta espartana. Nossa mãe, Isabel Victória, seu amor desde a juventude, e Marlene, sua companheira dos últimos momentos, se uniram para lutar ao lado do guerreiro. Meus irmãos Ana Luíza, Júlio Verne, Ricardo Arthur, demos todo o amor que ele sempre mereceu. Nós o amávamos, seguíamos, respeitávamos e admirávamos.

Foi presidente da Assembléia Legislativa, Secretário de Fazenda e de Interior e Justiça. Como deputado Federal, foi vice- líder e líder do PTB e vice-líder do governo Juscelino Kubitscheck. E integrou, ardorosamente, o chamado Grupo Compacto, formado por deputados nacionalistas como ele próprio, Almino Affonso, Bocaiúva Cunha, Néstor Duarte, Oswaldo Lima Filho e tantos outros que, como ele, pagaram o preço de enfrentar o regime de força desde o início dos anos 50, até o último suspiro, em 84, da ditadura de 1964.

Arthur se elegeu senador, foi líder do governo João Goulart e, ao mesmo tempo, do PTB também. Eleito em 62, assumiu em 63 e foi cassado, com seus direitos políticos suspensos por 10 anos, em 7 de fevereiro de 69, pelo horrendo Ato Institucional número 5. Ele, Carlos Lacerda (o maior orador que este país já revelou), Mário Covas, Mário Martins, Bernardo Cabral e outros patriotas mais.

Queria que todos lessem os discursos de Arthur de antes um pouco de a ditadura se implantar. E sobretudo aqueles dos primeiros dias de abril de 64, o Congresso cercado por forças militares e, no plenário, a voz tonitruante do caboclo amazonense, silenciando os murmúrios dos “vencedores”.

Havia 63 senadores. 61 rasgaram a Constituição, à revelia da própria Carta Magna, o general Castelo Branco ditador-‘presidente’ do Brasil. Somente dois votaram contra: o digno baiano Josaphat Marinho e o amazonense Arthur Virgílio Filho que, depois de votar, renunciou à liderança do seu partido : “Sr. Presidente, esta Casa, hoje, se agachou perante o arbítrio. Voto por mim mesmo e não pela minha bancada, que se ajoelhou. Hoje, sou um líder sem liderados e voto pela legitimidade do mandato do presidente João Goulart, contra Castelo Branco e contra a ditadura”.

Escrevo chorando esta homenagem ao meu “velho”, que morreu tão moço, aos 66 anos.

Quando da decretação do Ato Institucional número 2, que acabava os partidos políticos, Arthur se pronunciou: “ninguém me calará pela força. Que fechem o Congresso agora, com a oposição consagrada pelo povo que reconhece a nossa resistência. Que não nos fechem amanhã, sob os aplausos desse mesmo povo, que não tolera a covardia”.

Um dos seus últimos atos foi participar ativamente da Frente Ampla liderada por Jango Goulart, Juscelino Kubitscheck e o ex-governador da Guanabara, Carlos Lacerda, que eram os maiores líderes brasileiros. Lacerda rompera com o golpe e se reencontrava com os ideais democráticos.

Nossa casa no Rio foi invadida, em 3 de abril de 64, pela polícia política estadual. Meu pai chamou Lacerda em particular e lhe pediu que o fitasse nos olhos e dissesse se tinha ou não ordenado a invasão de nossa casa. Lacerda, com firmeza, disse que, sob riscos, foi buscar JK no aeroporto e o acompanhou em depoimento à Polícia Federal.

Afirmou que admirava meu pai e que as invasões de domicílios de adversários eram coisas de Borges e Borer, dois animais sobreviventes da ditadura varguista. Trocaram um abraço e lutaram muito. O Brasil estava conflagrado: nós, estudantes, em batalhas duras contra as forças repressivas, passeatas de 50 mil, 100 mil pessoas, atores e atrizes, cantores famosos se juntavam a nós, aos trabalhadores que despertavam de uma letargia, de notáveis personagens da sociedade civil como Sobral Pinto.

Um senador cretino disse ao meu pai que eu só atrapalhava a vida dele. Resposta: “meta-se com sua vida. Minha cassação é questão de horas, dias, semanas, talvez até meses. Deixe meu filho voar”.

São 36 anos sem a presença desse herói brasileiro, que era pai carinhoso e exemplo valioso para Ana, Júlio, Ricardo e para mim.

Meu pai, por outro lado, é imortal para nós, que podíamos tocar nele, abraçá-lo, beijá-lo. Mas, hoje, podemos lê-lo, falar sobre ele, cultua-lo.

Sou filho de um homem incomum. Sou filho de um HOMEM: A CARA DA CORAGEM, DA GENEROSIDADE, DO PERDÃO E DA RESISTÊNCIA!