Prezada Ministra Simone Tebet, sempre mantive carinho especial por você. Mesmo à distância!
Afinal, você é filha de um querido amigo, correto homem público, dotado de inesgotável sentimento pelos seres humanos, pelo seu estado e pelo Brasil.
Fiz questão de comparecer à despedida de Ramez Tebet, amigo especial, que não esqueço de forma nenhuma.
Cara Simone, vou passar-lhe dados que mostram a importância do Polo Industrial da Zona Franca de Manaus, para o Amazonas, Brasil e para o planeta.
A devastação, nas florestas amazônicas, têm sido cotidianas e irresponsáveis. O Pará guarda percentual baixo da imensa riqueza em biodiversidade que um dia foi pujante e promissora.
Como estaria a Amazônia venezuelana, nas mãos de Maduro, ditador à antiga e celerado à altura de seus piores assemelhados?
Como estariam a Amazônia colombiana e as demais, donas de riquezas inesgotáveis, rios dadivosos e enormes possibilidades de desenvolvimento, desde que mantidas as árvores em pé?
A parte da floresta que cobre o Amazonas, tem preservado 95% das árvores originais. Isso protege os rios, que são irmãos siameses das matas: se ela desabar, eles virarão córrego e se os rios forem poluídos fortemente pelo garimpo ilegal, a floresta não resistirá. Amazônia é floresta, índios e rios. Brincar com esse equilíbrio, como estão fazendo, significará a perda de US$ trilhões. Afinal, falamos da região mais rica e estratégica do Brasil e um dos pontos-chave para o êxito ou a inviabilização da vida humana nos anos finais deste século. A própria soberania do país sobre a Amazônia está em risco real. Ainda depende do Brasil, por ação ou inação, mantermos ou perdermos a Amazônia.
O Polo Industrial da Zona Franca mantém a maior parte da floresta amazônica pronta para exploração sustentável, em níveis capazes de acabar com a extrema pobreza em todo o país. O Brasil é alienado e ignorante, em relação a esse fato indesmentível.
O Polo Industrial recebe apenas 8% dos incentivos fiscais totais. No fim de cada exercício, devolve mais do que isso para o Tesouro e, acredite, o Amazonas paga, de impostos, mais que todos os estados da Amazônia ocidental e oriental somados. O Polo precisa de investimentos em porto, aeroporto, especialização dos trabalhadores, formação de mais capital intelectual, hidrovias (como ficará a R-319?), telefonia celular, internet e polos mais contemporâneo como o de drones, por exemplo.
Sobre incentivos fiscais: um espirro das indústrias do ABC, é imediatamente tratado como se fosse grave pneumonia, misturada com tuberculose crônica. A Zona Franca nasceu da lucidez do, à época, Ministro do Planejamento de Castelo Branco, notável diplomata e economista Roberto Campos.
Ele seguiu exemplos dos EUA no Tennessee Valley, do Midi francês e do Mezzogiorno italiano. Três regiões pobres, necessitadas de incentivos rumo ao desenvolvimento
De cada 100 economistas brasileiros, 120 nunca pisaram na Amazônia, a não ser em visitas a hotéis de selva. E 150 nunca leram nada profundo sobre a região. Ao contrário dessa paralisia intelectual, o interesse do mundo desenvolvido se traduz em cobiça, bolsas de estudo e incontáveis seminários, conferências e palestras. Se o Brasil não quiser a Amazônia, esteja segura, Simone, de que os países que a pesquisam intensamente, fariam qualquer coisa, em troca do controle sobre a Amazônia.
Lamento a ausência dos três deputados amazonenses, que perderam a sua fala no Grupo de Trabalho sobre Reforma Tributária. Devem ter tido razões expressivas para a grave omissão.
Perdoe o tamanho deste “bilhete” e visite nosso Polo Industrial. Não permita que lhe confundam o raciocínio com argumentos típicos de quem fala sem saber exatamente o que está falando.
Recomende-me ao seu esposo e a todos da família do inesquecível Ramez.
Arthur Virgílio Neto