Amazonino e Arthur

Nossas vidas se encontraram e desencontraram inúmeras vezes. Em momentos delicados, como a defesa da Zona Franca de Manaus e outras prerrogativas do Amazonas, invariavelmente, nos unimos.

Discutimos, brigamos muito, porém tivemos tempos saborosos de discutir história, literatura, arte, vida.

Meu primeiro governo na prefeitura coincidiu com grande parte do seu primeiro mandato como governador. E trabalhamos juntos e bem.

Lembro, como se fosse ontem, da visita informal que você fez, para me abraçar e dizer que estava deixando o governo, para disputar o Senado. Em agradecimento a isso, visitei seu escritório político e dialogamos por horas a fio.

O que, no fundo, nos aproximava era o conteúdo intelectual de cada um. Nós tínhamos ideias para trocar, saindo do “rame-rame” de fulano vai ganhar, beltrano tem ou não tem votos e coisas assim. Creio que essa era a mágica, era o amálgama que nos atraía mutuamente.

Essa relação, que não era diária, não era contumaz, se dava com alegria e descontração, os momentos sendo todos eles aproveitados.

Você deixa saudades na nossa gente, na minha esposa, nos nossos filhos e netos. Deixa saudades em mim. Ficou um buraco. Que deve ter ido com você, também.

Lembro que estávamos brigados, quando você surgiu com a UEA. Tive de admitir a grandeza da ideia. E a uni à do meu pai, seu amigo e candidato tantas vezes, criador da UFAM. Comoveu bastante, Amazonino.

Peguei meu segundo Covid e, por isso, não irei beijar sua fronte. Estou bem, graças a Deus, mas prejudicaria muitas pessoas, se aparecesse na sua despedida.

Recomendei ao Armando que fizesse como fiz com meu pai: não permitir “comícios” que misturem saudade com temas menores.

Um dia nos reencontraremos na eternidade e com os nossos queridos, que já esperam por você. Uma grande reunião, uma grande celebração, abraços, carinho, saudades deles, que já estão lá, por você, que estará chegando.

A vida é isso mesmo. É um tempo, um ciclo. Você lutou como uma onça do Amazonas. Recebi notícias, pelo Armando, todos os dias.

Confesso que estou sentindo falta de você. Sei que a recíproca deve ser semelhante.

Adeus, por enquanto, governador Amazonino Armando Mendes. Deus lhe receberá de tapete vermelho.

Com admiração para sempre, Arthur Virgílio Neto.

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