Falei no MEUS DOCES CÃES (I), que minha cadela dog alemão, a muito amada Blanca, merecia um artigo só para ela. Sem dúvida, meu maior amor no reino animal. Nós nos entendíamos pelo olhar. Vivíamos juntos e um sentia as alegrias e as dores do outro. Nada nos separava.

Quando cursava no Instituto Rio Branco, na preparação para começar a carreira de diplomata, aluguei, com meu grande amigo Rolls Gracie, a casa de um pescador em Búzios, que era uma aldeia… E não gosto do que é hoje.

Blanca ao meu lado sempre. Corríamos, nadávamos, sentávamos nas rodas de fogueiras, conversas noturnas com outros amantes da simplicidade, da lua, do sol, da paz que nunca mais tive igual.

Fui para Brasília solteiro, jovem diplomata, morar na SQS 306, num apartamento de dois quartos, sala, saleta, um banheiro, um lavabo e dependências de serviços. Blanca dormia no meu quarto e, não raro, na minha/nossa cama.

Curtíamos Brasília mais que muita gente. Corríamos bem cedo, entrávamos no cerrado, nadávamos na parte limpa do Lago Paranoá.

Mas eu trabalhava duro e entendi-me financeiramente com uma babá da nossa Super Quadra, pessoa de confiança, para ela ficar com a Blanca de manhã.

A criançada adorava. Havia pais que diziam: “se você for viajar, nós cuidaremos dela como você cuida”. Nosso prédio tinha quatro apartamentos por andar e, além do meu, dois outros pertenciam um pouco à minha eterna neném de 70 quilos.

Todos gostavam dela e, levando em conta o que ela corria, de manhã, sob a supervisão da babá- chefe e, antes e depois comigo, acho que ficávamos entre 8 e 12 km/dia, com chuva ou sem chuva.

Era comum, depois de corrermos de novo, eu almoçar uma boa salada ou massa, no Clube das Nações. Blanca ficava no carro, janelas abertas um pouco, tranquilamente esperando-me. Assim como ela ia comigo aos treinos do meu esporte predileto e, esperava quieta e atenta, penso que vendo se alguém me machucava.

Convidavam-me muito para festas. Se não fosse obrigação oficial, pela presença do Ministro, por exemplo, eu só comparecia se ela fosse junto. E quando ela ia, comportava-se como uma lady, sendo sempre a estrela da festa. Fora longos passeios noturnos que fazíamos, sozinhos ou acompanhados. E nos feriadões, corríamos para Búzios e, uma vez, visitamos minha Manaus.

Nas missões oficiais no exterior, ela ficava, claro, cuidada por seus tantos amigos e amigas. Mas ela entendia bem de onde vinha o dinheiro que nos sustentava.

Que companheira! Que princesa linda e meiga. Que amiga incondicional de todas as horas.

Blanca, bem velhinha, deixou-me para virar uma estrela… Ou um anjo que protege-me eternamente.

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