Combustível, gás de cozinha, energia elétrica e alimentos foram os “vilões” da inflação

O IBGE confirmou recentemente que a inflação de 2021 foi de 10,05%, superando os dois dígitos. É a maior registrada desde 2015 e os números divulgados superam em quase 50% a meta prevista para o ano de 2021, de 5,25%. Combustível, gás de cozinha, energia elétrica e alimentos foram os “vilões” da inflação. Fica muito difícil crer que, em 2022, os números que traduzem a triste realidade brasileira serão diferentes e mais promissores. Estamos às portas de uma estagflação. E não há luz no fim do túnel. Ou sim, há, e é a de um trem desgovernado.

Os senadores criaram uma medida provisória para tentar conter os aumentos sucessivos dos preços dos combustíveis. Uma tentativa de regularizar o mercado estabelecendo cotas mínimas e máximas para o imposto de exportação. Mas, ainda há muito chão pela frente para chegar a uma decisão, pois apenas passou na Comissão de Assuntos Econômicos. E o que dizer da energia elétrica e do gás de cozinha? Ainda não vi nenhuma reação dos órgãos competentes e do governo federal para estancar essa sangria nos bolsos da população.

A inflação ganha corpo e velocidade na mesma proporção que o governo perde a sua credibilidade, sem acenar com qualquer possibilidade de crescimento econômico, aumento na oferta de emprego e, com isso, levando ao chão as previsões de crescimento do PIB. O dólar vai continuar subindo, pressionando preços no Brasil. Repito: quem paga o preço da alta na inflação é sempre o mais pobre.

O que dói mais é saber que os alimentos estão com os preços descontrolados, como do frango e do ovo, que se apresentavam, até agora, como o guarda-chuva na mesa dos mais pobres. O frango subiu mais de 40% nos últimos 12 meses e superou a carne bovina. Esta, por sua vez, está sumindo da mesa dos brasileiros. Em 2020, o consumo de carne caiu 10% em relação ao ano anterior e, em 2021, o consumo de carne bovina foi o menor em 25 anos. A fome é uma triste e brutal realidade que só cresce em nosso país.

*É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico. Foi por 20 anos deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.

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