País investe pouco ou nada em Pesquisa e Desenvolvimento

Desde o meu primeiro discurso na Câmara dos Deputados, ainda na década de 80, tenho mostrado a importância da Amazônia e a necessidade de que o governo brasileiro proteja a floresta, os rios, sua gente, sua fauna, flora e, consequentemente, busque promover o desenvolvimento sustentável da região. Hoje, essa ideia que cultivo há tantos anos está sendo difundida e o mundo começa a compreender, ou ao menos a tentar compreender, a Amazônia.

Esta semana, por exemplo, li um excepcional artigo da jornalista Julia Marisa Sekula, especialista em tecnologia verde, sobre a intersecção entre biologia e deeptech – startups e ecossistemas que trabalham tecnologias complexas e solução de problemas de alto impacto – diante da maior ameaça já enfrentada pela humanidade que são as emergências climáticas. As soluções, diz ela, não virão pela engenharia, como no século XIX, nem pela química ou física, como no século XX, mas pela natureza.

Nessa perspectiva que une as transformações tecnológicas e a natureza, a Amazônia brasileira se apresenta como protagonista absoluta. A floresta amazônica será, sem dúvida, a fonte das maiores descobertas e, como venho defendendo durante toda uma vida; a floresta em pé é mais que nosso maior seguro de vida, em termos de sequestro de carbono, é a maior base de dados para fomentar essa revolução global.

O Brasil precisa reconhecer essa verdade universal. Se não abre o olho, se não busca parcerias das agências mundiais especializadas em deeptech, se não busca alternativas de desenvolvimento socioeconômico sustentável para a floresta e seus habitantes, perderá seu maior trunfo. O país investe pouco ou nada em Pesquisa e Desenvolvimento e, nesse caminho, perderá tudo, incluindo as exportações do agronegócio, porque é cada vez mais claro que os países deixarão de comprar nossos produtos, buscando sucedâneos que não tragam a marca da destruição ambiental.

*É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico e atual presidente do PSDB no Amazonas. Foi por 20 anos deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.

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