O presidente tem duas opções: insistir em uma política ambiental destrutiva ou dar uma virada de 180 graus e se redimir perante a história

O presidente Bolsonaro foi denunciado na Corte Penal Internacional da Haia, acusado pelo crime de destruir a Amazônia. Algo grave, que enfraquece ainda mais a diplomacia brasileira.

O fato é que as queimadas frequentes no Pantanal desfiguram mais e mais aquilo que já foi um paraíso turístico e ecológico. A fauna apresenta dezenas e dezenas de animais em vias de extinção. A flora está desfigurada, está triste, como me sinto triste neste momento.

Na Floresta Amazônica, o desmatamento subiu 280%, em março de 2020, se compararmos a março de 2019. E em abril de 2020, foram aniquilados mais 234 quilômetro quadrados de floresta.

Foi imperdoável o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ter usado a pandemia para facilitar o garimpo poluidor e o desmatamento irresponsável. É como ouvi alguém dizer outro dia: “desmatador não trabalha em home office e nem se recolhe em casa portando máscara e álcool em gel”.

Escrevi, bem recentemente, que estamos entrando na era da Soberania Ecológica, especialmente no caso da Amazônia, tão relevante para a realização do sonho universal de cumprirmos, no tocante ao aquecimento global, com as metas estabelecidas na Cúpula do Clima realizada em Paris, em 2015.

Ao mesmo tempo em que a Amazônia sofre com sucessivos recordes de desmatamentos, armam-se estratégias – começando pela Europa e com tendência de se espalharem por todo o mundo desenvolvido – no sentido de boicote a produtos brasileiros de exportação, inicialmente aqueles oriundos de terras desmatadas ilegalmente ou de solos degradados.

Vejam só! Perder o peso do saldo consistente em nossa balança comercial seria péssimo para nossa economia. O presidente tem duas opções: insistir em uma política ambiental destrutiva ou dar uma virada de 180 graus e se redimir perante a história. Questão de bom senso e até de autopreservação.

* É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico (CPJUR). Foi por 20 anos deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.

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