QUE DEMOCRACIA É ESSA?

Não entendi a razão de o Gabinete Institucional (GSI) ter recusado o pedido da Câmara dos Deputados de receber o inteiro das imagens gravadas pelas câmeras do Palácio do Planalto, ao longo do dia 8 de janeiro, certamente exibindo a baderna e os detalhes da repugnante invasão. Qual o motivo? Seria temor? Se é temor é inevitável indagar: temor de quê, temor de quem?

Meu entendimento é claro: o STF deve ouvir o ex-presidente Bolsonaro? Nada mais lógico do que ouví-lo.

Mas e o outro lado da moeda? É para esquecê-lo? É para proteger pessoas. Se é, quais seriam essas pessoas? Quem seria a principal  pessoa a ser protegida? E se há pessoas sendo protegidas, não estaria sendo cometido um delito, um crime grave?

O que explicaria a negativa à Folha de São Paulo de consultar sobre essa dúvida gritante, fechando as portas da Lei de Acesso à Informação?

Por que a decretação do sigilo? Não é algo estranhável, anormal até, numa democracia que alguns ameaçam desmerecer?

Do governador do Distrito Federal a cobrança por “omissão” foi dura. A mim soou como um castigo injusto…e o tempo de afastamento do cargo se me afigurou como uma espécie de ‘domesticação do governante, para ele aprender a rezar na cartilha do poder’. Ou meu raciocínio, sempre modesto, estaria sendo, além de modesto, absurdo e descabido?

Lula não foi surpreendido. Tinha ao seu lado a Abin e o GSI. Fui Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência e conheço, de cadeira, a eficácia desses órgãos de informação.

Ouso expor outra opinião modestíssima: haveria governistas infiltrados, incitando à baderna e dela participando vigorosamente?

Isso explicaria, por exemplo, o medo presidencial de uma CPI? O desejo de evitar desgastes inapagáveis para donatários do poder?

A democracia brasileira já estaria tão frágil, a ponto de julgar normal a proibição e o sigilo, com referência à Lei de Acesso à Informação?

Estaríamos vendo surgir um tipo novo de “democracia”?

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