Mais da metade dos brasileiros e brasileiras passa por momentos de incerteza, de não saber o que terá à mesa no dia de hoje e, muito menos, no dia de amanhã

Estamos chegando na semana do Natal e com ela vem também a expectativa de reunir a família em volta de uma generosa ceia. Infelizmente, essa não será a realidade de uma grande parcela da população que vive na mais profunda pobreza e insegurança alimentar. Mais da metade dos brasileiros e brasileiras passa por momentos de incerteza, de não saber o que terá à mesa no dia de hoje e, muito menos, no dia de amanhã.

Segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, realizado no final de 2020, apenas 44,8% dos lares tinham seus moradores e suas moradoras em situação de segurança alimentar, um aumento de 54% desde 2018. É óbvio que a pandemia tem muito a ver com isso, mas houve desacertos na economia, com aumento da inflação que atingiu drasticamente os gêneros de primeira necessidade.

Além disso, o Imazon, que analisa o Índice de Progresso Social (IPS), publicou estudos recentes que mostram que o desmatamento, as queimadas, exploração ilegal de madeira e ouro na Amazônia também condenam sua população à pobreza e à fome. Digo isso e repito, há mais de 40 anos. Os municípios que mais desmatam apresentam as piores condições de vida da população. Mais do que nunca se torna necessário o grito em defesa da Amazônia. Salvemos a Amazônia, nosso povo da miséria, nossa floresta da destruição e o planeta de se tornar inabitável.

Quero aproveitar esse período que antecede o Natal para propor uma profunda reflexão sobre a fome e a miséria, para que busquemos as respostas para enfrentarmos esse quadro. Do ponto de vista de cidadãos comuns, nos resta a solidariedade, doar o que não nos fará falta, mas que será de grande ajuda para milhares de famílias que não têm o mínimo necessário para sobreviver. Doar é exercer cidadania no grau mil, te faz bem como pessoa e faz bem às demais pessoas. Pense nisso e procure a instituição mais próxima, pessoas próximas, desempregadas, subempregadas ou sem nenhuma perspectiva de renda e dê sua contribuição.

É claro que essa não é a solução definitiva porque isso depende de políticas públicas eficientes, da retomada da economia, do fim da inflação, do resgate do crescimento econômico e social do nosso país. Mas podemos fazer a nossa parte. Se cada um juntar um grãozinho, teremos uma montanha de bondade para distribuir. Espero, do fundo do meu coração, que este Natal seja uma purificação para os nossos corações, nossas almas, e que aprendamos as lições que o mundo nos dá diariamente. É hora de cuidarmos do planeta, das nossas florestas e uns dos outros. Feliz Natal a todos!

*É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico. Foi por 20 anos deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.

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