Gilberto Mestrinho faria hoje 95 anos de vida intensa. Governador três vezes, deputado federal cassado, sacrificado pelo arbítrio da ditadura que se implantava no Brasil.

Gilberto nasceu para a política como Secretário e depois Prefeito de Manaus, nomeado pelo governador Plínio Coelho, que o indicou para disputar sua sucessão, em 58. Gilberto venceu Paulo Nery, que tinha como conselheiro meu tio-avô, Senador Severiano Nunes, udenista, adversário de trabalhistas como meu pai, Plínio e Gilberto.

Ele e meu pai eram amigos. Difícil achar fotos da época, que não registrasse a presença dos dois.

Gilberto, depois de superada a ditadura, reconquistou, em 82 e 90, o governo do Amazonas. 82 foi epopéia, cheia de perigos e ameaças. Foi minha primeira luta pela Câmara Federal. Inesquecível.

Tive de disputar com ele a Prefeitura da capital, em 88. Dei tudo que tinha pra honrar aquela eleição. Derrotei a maior figura política da segunda metade do século XX, que retornaria ao governo do estado 2 anos após.

Fiquei feliz com a vitória e triste por ter sido ele o oponente.

Eleito governador em 90, enfrentou ao meu lado o cólera, que descia o rio Solimões. Houve mortes, mas não no número previsto pelos tabloides ingleses. O vibrião colérico chegou a Manaus, que já contava com um exército de Agentes Comunitários Contra o Cólera. Em Manaus, houve casos, mas nenhum óbito. Tabloides londrinos “previam” 10 mil mortes de manauaras.

Fomos colegas de Senado. Ele, eu e o querido Jefferson Peres. Trabalhei ao lado de dois gigantes.

Sua morte chocou o Amazonas. Amazonino estava emocionado demais pra discursar. Fiz minha parte entremeando palavras com lágrimas.

Bom lembrar de Gilberto Mestrinho, lutador incansável. Um bravo testado na democracia e na ditadura. Amigo querido e notável figura pública!

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