Estou nas prévias para vencer, sou forjado na luta e na incessante busca da vitória

Neste início de semana estarei participando do primeiro debate do processo de disputa interna do PSDB. É uma coisa que gosto muito. As prévias são feitas pelo debate, as eleições são feitas pelo debate, uma sociedade mais justa se constrói pelo debate

Muita gente tem me perguntado se vou até o fim no processo das prévias que o meu partido, o PSDB, está realizando para a escolha de um candidato à presidência da República, no que já se convencionou chamar de terceira via, em contraposição à polarização hoje existente para as eleições de 2022. E eu respondo com muita tranquilidade e convicção que sim, vou até o final. Nunca iniciei um projeto para largá-lo pela metade. Abri mão de disputas fáceis para não deixar pela metade o cargo de prefeito da minha cidade, por exemplo. Se milhares de cidadãos confiaram em mim, não vou decepcioná-los.

E nas prévias, digo mais: estou na luta para vencer. Sou forjado na luta e na incessante busca de vitória. Não estou brincando de ser candidato. Creio que o meu partido tem muito a oferecer ao Brasil e eu também tenho, afinal, dos três candidatos sou o que reúne a maior experiência na vida pública, com três mandatos de prefeito, um de senador, dois de deputado federal, lideranças de governo e de oposição e o cargo de ministro-chefe da presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso.

Confio plenamente na minha capacidade de disputar as prévias e, se vencedor, disputar a presidência e, se vencedor, implantar neste país o futuro que a gente deseja, a partir da semente que plantamos hoje, com as políticas públicas necessárias para a retomada do crescimento econômico, o fim da inflação, da pobreza, da fome; por mais justiça e seguridade social; e pela preservação da Amazônia e seu uso sustentável para, de uma vez por todas, elevar o Brasil ao caminho de superpotência econômica, aliando as riquezas da nossa biodiversidade e seu uso inteligente e integrado entre o conhecimento científico e conhecimento tradicional dos povos da floresta.

O Brasil, neste momento, está muito longe da perspectiva de se tornar uma potência global. Mas, temos saída para enfrentar a crise baseando as medidas no tripé macroeconômico: câmbio flutuante, responsabilidade fiscal e inflação controlada, utilizado durante a implantação do Plano Real. É preciso também enfrentar com rigor e vigor o déficit primário, na ordem dos trilhões de reais, com um grande programa de ajuste da máquina pública, redução de gastos e privatizações. Esse tema não é mais tabu, a população brasileira já está muito consciente do que deve ser administrado pelo Estado e do que está melhor nas mãos de empresas privadas.

Vejo com muita preocupação o aumento do quadro de fome no Brasil que, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), atingiu 19 milhões de pessoas e outras 116,8 milhões (52,2% da população), convivem com algum grau de insegurança alimentar. Temos que trabalhar muito essa questão da fome e a geração de novos postos de trabalho e de oportunidades. Esse é o cenário que o PSDB deve enfrentar, se quiser se credenciar à presidência. E precisa estar unido. É uma questão de ter habilidade.
Demorei a entrar de corpo e alma na disputa das prévias, porque minha campanha depende exclusivamente dos recursos partidários destinados para tal. Mas estou na estrada. Já visitei várias cidades nos últimos dias. Confesso que há muito tempo não percorria o Brasil assim, indo de uma cidade para outra em poucos dias. Estou tomando um banho de Brasil e retribuindo com o banho de Amazônia. Falo para quem me ouve, diretamente para os militantes, para pessoas que estavam ansiosas por serem incluídas no processo. Na hora do voto elas não vão precisar bater continência para ninguém. Quero um partido que pertença aos militantes, acima de donos e de caciquismo.

Neste início de semana estarei participando do primeiro debate do processo de disputa interna do PSDB. É uma coisa que gosto muito. As prévias são feitas pelo debate, as eleições são feitas pelo debate, uma sociedade mais justa se constrói pelo debate. E não é porque somos todos do mesmo partido que vou me fazer de morto ou de paisagem. Vou debater, de fato. Isso é o bom e o saudável de uma democracia e que será responsável por reerguer o PSDB. Espero um grande debate.

Logo após, no final da tarde da terça-feira, dia 19, tenho um encontro com a militância do Rio de Janeiro, depois, já seguindo  ao Sul do país. Primeiro em Porto Alegre, onde quero conversar muito com o Eduardo Leite, dizer para ele que fiquei com muito ciúme pelo Tasso Jereissati ter saído da disputa para apoiá-lo, porque o Tasso é meu amigo do coração. Brincadeiras à parte, Eduardo Leite tem o meu respeito e, assim como já conversei com o Doria, quero também ter esse canal de diálogo com ele. Ainda no Rio Grande do Sul, quero abraçar e matar a saudade de meu grande amigo, senador Pedro Simon, que considero um patrimônio nacional.

Depois, é seguir viagem, com os pés no chão, o coração em Deus e a cabeça pensando no Brasil e na Amazônia, sempre!

Uma virada de 180° na política ambiental brasileira

O presidente tem duas opções: insistir em uma política ambiental destrutiva ou dar uma virada de 180 graus e se redimir perante a história

O presidente Bolsonaro foi denunciado na Corte Penal Internacional da Haia, acusado pelo crime de destruir a Amazônia. Algo grave, que enfraquece ainda mais a diplomacia brasileira.

O fato é que as queimadas frequentes no Pantanal desfiguram mais e mais aquilo que já foi um paraíso turístico e ecológico. A fauna apresenta dezenas e dezenas de animais em vias de extinção. A flora está desfigurada, está triste, como me sinto triste neste momento.

Na Floresta Amazônica, o desmatamento subiu 280%, em março de 2020, se compararmos a março de 2019. E em abril de 2020, foram aniquilados mais 234 quilômetro quadrados de floresta.

Foi imperdoável o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ter usado a pandemia para facilitar o garimpo poluidor e o desmatamento irresponsável. É como ouvi alguém dizer outro dia: “desmatador não trabalha em home office e nem se recolhe em casa portando máscara e álcool em gel”.

Escrevi, bem recentemente, que estamos entrando na era da Soberania Ecológica, especialmente no caso da Amazônia, tão relevante para a realização do sonho universal de cumprirmos, no tocante ao aquecimento global, com as metas estabelecidas na Cúpula do Clima realizada em Paris, em 2015.

Ao mesmo tempo em que a Amazônia sofre com sucessivos recordes de desmatamentos, armam-se estratégias – começando pela Europa e com tendência de se espalharem por todo o mundo desenvolvido – no sentido de boicote a produtos brasileiros de exportação, inicialmente aqueles oriundos de terras desmatadas ilegalmente ou de solos degradados.

Vejam só! Perder o peso do saldo consistente em nossa balança comercial seria péssimo para nossa economia. O presidente tem duas opções: insistir em uma política ambiental destrutiva ou dar uma virada de 180 graus e se redimir perante a história. Questão de bom senso e até de autopreservação.

* É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico (CPJUR). Foi por 20 anos deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.

Seiscentas mil vidas perdidas. Que pena!

O Brasil alcança o lamentável segundo lugar, no mundo, em vidas ceifadas pela pandemia da Covid-19

Esta semana superamos a triste e amarga marca de 600 mil mortes por Covid-19 no País. Não conheço um brasileiro que não tenha chorado a perda de um familiar, um amigo, um conhecido, um ídolo, nesses tempos angustiantes de pandemia. Com isso, o Brasil alcança o lamentável segundo lugar, no mundo, em vidas ceifadas por essa pandemia sorrateira e cruel. Em números absolutos, perdemos quase o dobro de pessoas mortas em 10 anos de sangrenta guerra civil na Síria.

A perda leva ao sentimento de desamparo, duro desamparo! A todos que perderam pessoas queridas ou ainda enfrentam a doença, minha solidariedade de sempre. Rezo e oro para que tenhamos forças para atravessar as tormentas que certamente teremos um pela frente. Falo por experiência própria, pois estou entre os que contraíram a implacável Covid. Sou, porém, vítima inequívoca da pandemia, porque perdi muita gente querida e, por essas pessoas, derramei lágrimas que me marcaram a alma e o coração.

Expresso, então, minha preocupação com o futuro das pessoas, dos jovens, dos trabalhadores, dos que sobreviveram à pandemia e continuam com graves problemas a enfrentar nos tempos duros que estão vindo. Sinto falta de políticas públicas eficazes, que possam contemplar essa nova clientela, nos aspectos físicos, psicológicos, sociais e econômicos.

A pandemia e o negacionismo tiraram do Brasil, até agora, mais de 600 mil vidas. Além da tristeza, restou um impacto econômico estimado em R$3,8 trilhões, equivalentes a cerca de 51% do PIB do ano passado. Grave situação!

As dificuldades deverão aumentar. E aí mais Covid-19 significa menos gente com capacidade de trabalhar, mais comorbidades, menor capacidade de recuperação da economia brasileira.

Somam-se a esse quadro a fome e um brutal desemprego, da ordem de 15 milhões de pessoas, fora os 6 milhões que desistiram de retornar ao mercado de trabalho. A inflação mostra suas garras e empobrece, ainda mais, os mais pobres, voltando à depreciativa marca de dois dígitos, se os números forem atualizados. Um quadro cada dia mais desalentador.

Observo, com precaução, alguns gestores liberando a realização de grandes eventos, como o Carnaval, e já discutindo a liberação do uso das máscaras. Isso alerta os meus sentidos, pois está claro que a pandemia não acabou e há novas variantes no ar. Claro que a aplicação das vacinas em todo o território nacional ampliou nossas chances de enfrentar o vírus, senão pela imunização total, mas dando ao organismo maior chance de enfrentar a doença sem chegar à letalidade. Aliás, as vacinas contra a Covid-19 deverão se tornar periódicas, como já são as que combatem as Influenza, por exemplo.

Com imenso pesar e toda a sinceridade de quem geriu uma metrópole que virou epicentro da doença no mundo, deixo uma mensagem de clamor à população para que, mesmo que as regras sanitárias sejam flexibilizadas, continue ela apostando na higienização, no uso de máscaras e, sem dúvida alguma, na vacinação em todas as doses exigidas pela ciência. A palavra de ordem é preservar a saúde. Sem ela, não há economia, nem empregos e nem futuro.

*Diplomata, é diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico (CPJUR), foi deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Conselheiro da República, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos, três vezes prefeito da capital da Amazônia.

Nunca fui dos que desistem

Irei até o fim porque tenho mensagens importantes para dar ao meu país, especialmente aos tucanos

Publicado em 3 de outubro de 2021 às 07:59

Começamos nossa caminhada rumo às prévias do PSDB e, esta semana, tive um bonito encontro com lideranças e militância do partido em Goiânia. Fomos recebidos pelo ex-governador de Goiás e presidente interino do PSDB-GO, Marconi Perillo, meu irmão de coração e um bravo companheiro de luta política e partidária. Sinto-me honrado e feliz com o apoio e carinho demonstrados por todos. Com eles tive uma conversa franca, não de discursos eleitorais, mas uma conversa olho no olho sobre assuntos que são realmente muito prementes e preocupantes para o nosso Brasil.

Antes, quero dizer da minha surpresa com as notícias dando por certa minha desistência das prévias do meu partido. Não se enganem, eu jamais fui de desistir de nada, nunca. Irei até o fim porque tenho mensagens importantes para dar ao meu país, especialmente aos tucanos. Tenho convicções muito profundas e não me afasto delas. Quem acompanha minha vida pública sabe disso e eu tenho orgulho de olhar para o passado e saber que não desmonto as minhas crenças, que travei desde sempre as grandes lutas a favor da democracia, em defesa da Amazônia e dos direitos plenos dos cidadãos, assim como o compromisso com uma economia forte, saudável, que gere emprego, renda e novas perspectivas de vida para a população.

Pois bem, nas conversas que tive em Goiânia e que terei em outras cidades que estarei visitando nos próximos dias e meses, como Brasília onde estarei nesta segunda-feira, darei o meu recado, simples e direto. Primeiro ao meu partido, porque tenho a clareza de que a única saída para o PSDB voltar a ser grande e magnífico é a unidade e a união. Já não cabem vaidades, projetos pessoais. As prévias devem se dar no campo das ideias, no debate saudável e respeitoso.

O outro recado, e esse também repetirei até a exaustão, é o da defesa incondicional da Amazônia. Infelizmente, a maioria dos brasileiros que amam a Amazônia e suas belezas exóticas não sabem do risco que corremos com o exorbitante crescimento das queimadas e dos desmatamentos. Deixem as árvores em pé, porque em pé elas combatem o aquecimento global. É uma teimosia brutal continuar a destruir a floresta e, com isso, caminhamos para tornar o mundo impossível de ser habitado por seres humanos. É esse o legado que queremos deixar? E a isso se junta a ameaça à soberania brasileira sobre a Amazônia, porque não cumprimos o que acordamos com os demais países para reduzir os riscos do aquecimento global. Ignoramos, de forma vil, que o futuro do Brasil está na Amazônia, que ela é a resposta para gerarmos mais riquezas, emprego, renda, desenvolvimento social e respeitabilidade mundial.

O terceiro recado é que precisamos deter os ataques à democracia. E o PSDB tem o dever de liderar a caminhada para consolidar a democracia brasileira e colocá-la entre as mais fortes e consistentes do mundo. Podemos ou não fazer um presidente na próxima eleição, mas esse não é o ponto mais relevante. O relevante é formar uma frente ampla democrática, capaz de barrar, em definitivo, esses surtos de ameaça à liberdade, às instituições, à independência e harmonia entre os poderes, enfim, barrar qualquer projeto engendrado por aqueles que temem uma sociedade livre, educada e saudável em todos os aspectos.

Vamos à luta! O Brasil só tem a ganhar.

*Diplomata, é diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do CPJUR – Centro Preparatório Jurídico, foi deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, Conselheiro da República, ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos, três vezes prefeito da capital da Amazônia.

Rumo às prévias com muita confiança

Comecei a apresentar uma ousada plataforma de governo que pretendo defender nessa caminhada dura e desigual

O Partido da Social Democracia Brasileira cumpriu a primeira fase da histórica e vanguardista decisão de promover prévias partidárias para a escolha do nome que o representará nas eleições presidenciais de 2022. Um momento particularmente feliz para o Amazonas e para mim, que oficializei meu nome como um dos quatro líderes nacionais que entrarão na luta. O PSDB faz história agora, como fez quando derrotou a hiperinflação, implantou a Lei de Responsabilidade Fiscal, promoveu toda uma geração de reformas estruturais, equilibrou as finanças caóticas que encontrou, ofereceu a nação, que não tinha moeda séria, adotando cuidadosa e competentemente o Real, que também veio para ficar e gerar estabilidade econômica, devolvendo ao povo a autoestima que o populismo e a incompetência haviam surrupiado dos brasileiros.

Imediatamente, após confirmar minha inscrição, comecei a apresentar uma ousada plataforma de governo que pretendo defender nessa caminhada dura e desigual, que servirá para esclarecer os brasileiros sobre questões estratégicas que, imemorialmente, têm sido negligenciadas. O pontapé inicial foi em São Paulo, onde participei de reunião com a Secretaria de Relações Exteriores do Estado, abrindo densa discussão sobre a importância da Amazônia, da floresta em pé, da proteção aos “rios voadores” que banham de chuvas e generosidade grande parte do Brasil, além de Argentina e Uruguai. Falei da relevância dos nossos grandiosos rios, cheios de uma água doce, potável e de fácil extração, que tanta falta começa a fazer quase que ao mundo inteiro. Falei do banco genético mais rico do planeta que, se explorado com cuidado científico e o auxílio dos nossos índios e caboclos, representará a prosperidade do Amazonas, da Amazônia e do Brasil. Chega de conspirações contra o futuro da região mais estratégica do Brasil, essencial para o equilíbrio climático do planeta. Falei de recompor o prestígio da diplomacia brasileira, antes muito admirada e hoje tão depreciada.

Depois, fui a Brasília, reunir-me com o senador Tasso Jereissati colocando as mesmas pautas e, em breve, estarei com o governador Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul. É um exercício de democracia e respeito que jamais deixarei de exercer. Meu objetivo nessas prévias presidenciais é dar um recado forte e definitivo em defesa da Amazônia e de um povo que, cercado de tantas riquezas, não pode ser pobre e nem amesquinhado por quem quer que seja.

Desmontarei o mito de que a Zona Franca de Manaus desserviria ao país, quando a verdade aponta que é ela a sustentar 95% da cobertura florestal original do Amazonas. Sem ela, desaparece a floresta, emagrecem os rios, a biodiversidade é destruída e desperdiçada. O preconceito contra a ZFM é fruto do desconhecimento de milhões de brasileiros. Quero ir aos corações e mentes desses patrícios, ainda alienados, e de empresário de visão mesquinha.

Aprecio o poderoso agronegócio brasileiro, superior ao da França e fazendo jogo duro com o dos EUA. Pergunto: derrubada a floresta e reduzindo os grandes rios a igarapés, como o agronegócio nacional sobreviveria? Sem água? Nunca, amigas e amigos! Tudo, neste país, depende da nossa região e ponto final. Mesmo se eu não fosse amazonense, jamais seria ignorante em relação ao Amazonas, assim como não sou no tocante aos dramas e às possibilidades do Nordeste. Considero uma cafonice infinita alguém desejar ser presidente da República e não entender de Amazônia, desconhecer seu potencial econômico trilionário.

Acorda Brasil!

*Diplomata, é diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do CPJUR – Centro Preparatório Jurídico, foi deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, Conselheiro da República, ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos, três vezes prefeito da capital da Amazônia.

Prévias, democracia e Amazônia: união pelos interesses do país

Disputaremos, ao lado do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e do senador pelo Ceará, Tasso Jereissati, as prévias do PSDB

Neste final de semana, tive a imensa alegria de receber em Manaus o amigo de longa data e governador de São Paulo, João Doria, para um exercício de democracia real. Disputaremos, ao lado do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e do senador pelo Ceará, Tasso Jereissati, as prévias do PSDB para a escolha do candidato do partido à Presidência da República, o que ocorrerá em novembro deste ano. As nossas ambições políticas jamais estarão acima dos interesses do país, da liberdade, do diálogo, das discussões internas, que só servirão para fortalecer o PSDB que, desse ato, sairá pronto para ser alternativa de poder neste país, mais uma vez.

Tenho imenso respeito e carinho pelo Doria. E o convite que fiz – e que muito em breve será retribuído – para que viesse a Manaus está ancorado nesse sentimento e na certeza de que temos muito em comum: a nossa convicção pela liberdade econômica e menor interferência do Estado nas regras de mercado, pela social-democracia e pelo respeito às instituições. Conversamos com as principais lideranças locais e militância sobre prévias, eleições presidenciais e os caminhos que queremos para o Brasil.

Foi um bonito encontro entre o governador do Estado que detém o maior PIB do país e este que vos escreve, ex-prefeito da capital da região mais estratégica do Brasil e uma das mais estratégicas do mundo. Convidei Doria para que também pudéssemos conversar sobre isso, sobre a importância de manter a Zona Franca de Manaus viva, pujante, vigorosa, com todas as reformas estruturais necessárias, desde as logísticas e de transporte, assim como as de comunicação e de investimento em capital intelectual, mão de obra de qualidade e salários dignos e justos, como também da diversificação de suas linhas de produção para fazer frente à obsolescência de muitos produtos fabricados aqui, diante da evolução tecnológica.

O objetivo de tudo isso é termos produtos de qualidade e preços competitivos para o nosso parque industrial. Precisamos pensar no futuro da Zona Franca, não como os coitadinhos que precisam ser amparados por subsídios e incentivos fiscais para sobreviver, como muitos ainda teimam em nos ver, mas como o modelo que garante que a Floresta Amazônica – principalmente a amazonense – permaneça de pé e que garante que os nossos rios não sequem e nossos ciclos de chuva não sejam desequilibrados, o que seria desastroso para o clima e para os negócios do Brasil, principalmente no que se refere ao agronegócio e à produção de energia elétrica.

E esse foi outro assunto importante da nossa pauta. Trazer o Doria para a nossa frente de batalha, para a defesa da Amazônia, para a necessidade de implementarmos um Plano de Economia Sustentável para a Amazônia, a necessidade de investimentos fortes em ciência e tecnologia e a aliança com o conhecimento tradicional dos povos da floresta em busca de um projeto de desenvolvimento capaz de, aliados aos outros projetos de desenvolvimento econômico nas demais regiões, fazer do Brasil uma verdadeira potência econômica e, consequentemente, gerar riquezas e qualidade de vida para a população da Amazônia e de todo o Brasil. Ele é sensível e conhecedor do país e muito receptivo a tudo o que conversamos.

É uma coisa bem simples. Sem a floresta não há rios. Sem a floresta, os rios voadores, que banham praticamente todos os estados brasileiros e outros países da América Latina também desaparecem. As riquezas da biodiversidade perecem. E ainda tem gente que faz confusão entre Amazônia e agronegócios, como se fosse possível o agronegócio no coração da Amazônia. Não é possível. O agro é importante, até mesmo para formarmos o PIB e o equilíbrio da balança comercial, mas é ele que depende da Amazônia e não o contrário. E onde ele se instalou nessa região, gerou riquezas por um curto prazo e deixou atrás de si devastação.

Quando recebi o convite do presidente do PSDB, Bruno Araújo, para ser um dos nomes a disputar as prévias do partido – uma grande inovação na vida partidária brasileira – fiquei muito honrado por várias razões: pelo reconhecimento de um trabalho de 30 anos de dedicação ao PSDB e pela certeza que todos têm que eu não sou mariposa para ficar voando e ver qual o melhor partido. Eu me dou ao respeito e respeito muito a vida pública.

E, também, há um lado prático que precisamos ressaltar que é o fato de, além de ser o primeiro amazonense, primeiro homem do Norte de ter a perspectiva de disputar a presidência, terei a oportunidade de ouro de falar sobre a Amazônia e mostrar o que está ficando cada vez mais claro nas mentes mais lúcidas do país e que vai atingir a todos – e que seja assim, antes que se faça tarde. Eu espero, ao fim dos cinco debates, e ao longo das entrevistas que certamente faremos diariamente à imprensa brasileira, sair disso com a certeza de que conseguimos, de uma vez por todas, inserir a Amazônia como peça principal do debate político e econômico deste país.

*Diplomata, é diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do CPJUR – Centro Preparatório Jurídico, foi deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, Conselheiro da República, ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos, três vezes prefeito da capital da Amazônia.

Um grande salto para a Manaus Inteligente

O CCC José Pereira Filho é uma fábrica de soluções, que integra várias estruturas municipais e permite ao gestor administrar crises, antecipando soluções

No último dia 20 de agosto, completou-se um ano da inauguração de uma importante obra construída na minha gestão frente à Prefeitura de Manaus: o Centro de Cooperação da Cidade. Trata-se de um grande salto para a Cidade Inteligente, que tanto sonhamos. O CCC José Pereira Filho é uma fábrica de soluções, que integra várias estruturas municipais e permite ao gestor administrar crises, antecipando soluções. Essa obra estratégica é um dos nossos importantes legados para a capital da Amazônia, que levou o nome de um honrado homem e culto, a quem minha esposa teve e tem muito orgulho de chamar de avô.

Manaus se preparou para ser uma cidade inteligente. Há nove anos, ainda no processo de disputa eleitoral, alertei para a necessidade de uma Manaus Inteligente conectada transversalmente em seus serviços e, diretamente, com a população. Trabalhamos incansavelmente para atingirmos esse objetivo. Os pilares foram plantados e o alicerce está bem fincado de forma profunda e segura.

Implantamos um moderníssimo Data Center, cérebro tecnológico da transformação que iniciamos. Automatizamos serviços em setores da economia, do planejamento urbano, do transporte e trânsito, da educação e da saúde; diminuímos burocracias; aplicamos a tecnologia da informação e da comunicação para fazer os cidadãos partícipes de nossos atos; construímos um planejamento estratégico até o ano de 2030 e concluímos essa etapa com a inauguração e funcionamento do Centro de Cooperação da Cidade, que possui um sistema de software de inteligência para integrar todas as informações do poder público, unindo os dados das secretarias e permitindo um sistema funcional integrado. É uma obra revolucionária que permite a cooperação e o controle nas áreas de segurança, trânsito, saúde, defesa civil entre outros serviços.

Na busca da cidade inteligente, não nos limitamos ao e-government com uso das tecnologias de informação e conhecimento dos processos internos para aproximar governo e cidadãos, mas também influímos para transformar a cidade na Manaus 4.0. A restauração do Casarão da Inovação Cassina, no Centro Histórico, veio revestida dessa compreensão e responsabilidade. Ali, instalamos o Polo Digital de Manaus, voltado para empresas de desenvolvimento tecnológico, software, TIC e economia criativa, dando oportunidade a essa nova geração, que já nasceu com os neurônios conectados às novas tecnologias, para que desenvolvam seus projetos, produtos e negócios.

Foi um bom começo e um bom exemplo, que esperamos seja seguido pelos novos e próximos governantes da cidade, pela indústria e por todos os demais setores da economia privada, elevando Manaus ao seu devido lugar e espaço. A capital verde da tecnologia.

O Brasil não pode perder o bonde da quarta revolução industrial. É o que tenho dito, até com muita insistência, diante de uma realidade inexorável: o mundo mudou de analógico para digital e quem não seguir esse rastro de mudança vai desaparecer. O vapor impulsionou a primeira revolução industrial no final do século XVIII; a eletricidade e as linhas de montagem tornaram possível a produção em massa no século XIX; a automação, os computadores e as redes conectadas provocaram a terceira revolução nos anos 70; e chegamos a quarta revolução onde o real e o digital se misturam e não mais se separam.

Esse é o resultado do avanço avassalador de diversas tecnologias que, quando combinadas, se tornam forças transformadoras e de grande impacto na sociedade, nas formas de produção, na economia, enfim, nas vidas de cada um de nós. Obviamente, a gestão pública não pode e não deve ficar de fora, eximir-se desse processo. Torna-se premente que a gestão pública incorpore os aspectos inovadores da economia 4.0, para a prestação de serviços e do atendimento ao cidadão, garantindo participação popular.

A governança só se dá plenamente quando há uma estratégia compreendida pela população, na qual ela atue como protagonista e não mais como coadjuvante ou como mero espectadora. É preciso transparência e controle social nas suas políticas públicas. Para isso, são necessárias mudanças estruturais e, até mesmo ou principalmente, culturais. Os efeitos positivos irão se refletir na economia, na redução da burocracia e na oferta de bens e serviços de qualidade, que é o princípio básico que norteia o serviço público.

*Diplomata, é diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do CPJUR – Centro Preparatório Jurídico, foi deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, Conselheiro da República, ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos, três vezes prefeito da capital da Amazônia.

O sucateamento da Zona Franca

Nesse ritmo, a Zona Franca fechará as portas a médio prazo. Prevenir é melhor que remediar

Lamento muito o anúncio da Panasonic, empresa que nos presta serviços há quatro décadas, de que deixará de produzir televisores em sua fábrica instalada na Zona Franca de Manaus. Antes de tudo, solidarizo-me com as 130 trabalhadoras e trabalhadores que deverão ser demitidos até dezembro. Considerando suas famílias, são pelo menos 600 pessoas afetadas com essa decisão, que é uma das várias a agravar o quadro de desemprego prevalecente no Brasil. Nesse ritmo, a Zona Franca fechará as portas a médio prazo. Prevenir é melhor que remediar.

É mais que urgente a realização de profundas reformas internas e externas, que passem por investimentos em capital intelectual, em preparação de mão de obra e em tecnologia para aumentar com constância a produtividade do modelo. Precisamos de hidrovias, a começar pelo rio madeira. Precisamos da BR-319, no mínimo para abrir uma grande porta para o turismo. Precisamos de um porto à altura de uma demanda alta, assim como são indispensáveis a telefonia celular e internet eficazes.

Passa da hora de fazer do Centro de Biotecnologia da Amazônia uma realidade, investindo em pesquisa nas universidades locais e, sobretudo, no amazonense Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e no paraense Museu Emílio Goeldi. O Brasil perde tempo precioso, do ponto de vista das mudanças climáticas e da economia sustentável, ao não assumir a proteção da floresta e as perspectivas imensamente benignas do nosso banco genético, que é o maior do planeta.

E tem que ser levado muito a sério o nosso compromisso, da cota que nos cabe, na luta para o clima global não passar de 2º graus até o final do século. Temos que seguir o que foi definido na Conferência de Paris sobre o Clima, em 2015, e mudar, portanto, o cenário das atuais políticas ambientais.

O mundo está de olho na Amazônia, de olho nos caminhos do desenvolvimento sustentável, de olho nos riscos que o desmatamento ilegal pode representar para nossa biodiversidade e para os povos da floresta, ou seja, os indígenas, os caboclos, as populações tradicionais. Com foco no viés econômico, saúdo e louvo o agronegócio, que é fantástico para a formação do nosso Produto Interno Bruto e para termos uma balança comercial muito superavitária. Que fique bem a minha admiração pelo agronegócio, desde que nos locais propícios para tão valiosa atividade. Na Amazônia, ele assumiria postura predatória, ativando atividades temporárias, misturando-se com garimpeiros e – no dizer infeliz do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles – deixando a “boiada passar” pela floresta.

Quando chegarmos ao ápice da exploração do nosso potencial genético, seremos muito mais importantes para o país que o próprio agronegócio que, repito, serve para o Brasil, mas não para os espaços da Amazônia, afinal, ninguém de bom senso gostará de presenciar o risco da desertificação e de alterações perversas de fenômenos naturais, como os rios voadores, passando pelo Brasil até chegar no Uruguai e Argentina. Agronegócio, sim. Na Amazônia, nunca.

Diante disso tudo e em solidariedade ao superintendente da Zona Franca de Manaus, general Algacir Polsin, um grande dirigente, faço a seguinte pergunta: o que se pode fazer, se não houver uma firme definição do governo federal de que é preciso reformar e viabilizar a Zona Franca de Manaus? Tal medida iria assegurar não só a sobrevivência do modelo e o sustento de centenas de milhares de famílias, como também a preservação da própria floresta amazônica amazonense em pé.

O contrário disso é o que, tristemente, estamos vendo acontecer: o Amazonas e a Amazônia sucumbindo diante de tanta desatenção. Desde 1983, quando fiz meu primeiro discurso como deputado federal, a pauta do meio ambiente esteve presente nas minhas formulações. Fui autor da primeira proposta de prorrogação da Zona Franca de Manaus, mais tarde abarcada pela Proposta de Emenda à Constituição apresentada e aprovada com o apoio do governo Dilma Rousseff.

A luta continua e quanto mais vida eu tiver, esta será uma das mais nobres causas pelas quais permanecerei militando.

*Diplomata, é diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do CPJUR – Centro Preparatório Jurídico, foi deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, Conselheiro da República, ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos, três vezes prefeito da capital da Amazônia.

Malandro Municipal II: O mal não prevalecerá

Quebraram e desqualificaram hospitais, gerando fragilidades no sistema de saúde estadual, que se refletiram, entre outros desmandos, na situação inicial de impotência diante da pandemia de Covid-19

As perversidades praticadas pelo senador Omar Aziz, contra pessoas que dele discordem ou não se deixem envolver em sua rede de intrigas e perseguições, não prevalecerão e nem criarão raízes. O STF – Supremo Tribunal Federal – acaba de oferecer mais uma prova do que afirmo, acatando o mandado de segurança, com pedido de liminar, impetrado pela conselheira do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), Yara Lins, contra atos mesquinhos praticados pelo senador, como sempre, em causa própria.

Omar usou de muita baixeza em mais esse episódio. Faltaram-lhe grandeza e espírito democrático… e sobraram-lhe pequenez, vilania e vileza ao tentar jogar no lodo a honra de uma servidora pública concursada, com mais de 45 anos de serviços prestados à corte de Contas do Amazonas. Uma carreira que merece respeito e não o ato covarde e persecutório urdido pelo senador.

E por que o ataque? Ora, porque Omar é assim. Faz parte de sua natureza, como na fábula de Esopo, em que o escorpião trai e mata até seus salvadores com veneno próprio de animais miúdos, fracos, porém perversos por natureza.

Omar, que odeia intransitivamente, não gostou de ver o seu nome vinculado à orgia com R$260 milhões que deveriam ter sido aplicados na saúde do Amazonas e, felizmente, foram postos à luz pela ação pronta e justa da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal, através da tristemente famosa Operação “Maus Caminhos”. Quebraram e desqualificaram hospitais, gerando fragilidades no sistema de saúde estadual, que se refletiram, entre outros desmandos, na situação inicial de impotência diante da pandemia de Covid-19.

Por que a ira repulsiva? Ora, porque durante depoimento à CPI da Pandemia, o deputado estadual Fausto Júnior, filho da conselheira Yara, declarou bem claramente que o senador Aziz não reunia as condições morais mínimas para integrar e presidir uma CPI idealizada, ironicamente, para a apuração de casos de roubo de dinheiro público na saúde. Como no caso da raposa tomando conta do galinheiro. Omar, que se agacha e bajula quando “precisa”, mostrou como é prepotente e sem limites quando se sente “empoderado”.

Usou o poder de que está, momentaneamente, investido e passou abusivamente a perseguir Yara Lins, Fausto Júnior e todos os parentes próximos de ambos. Exibiu sua inesgotável capacidade de odiar. Ele que usa o mandato legislativo para “resolver” questões pessoais. Atacou a família de Fausto e Yara simplesmente porque não conseguiu calar o altivo depoente. E, a seguir, tentou camuflar o vício da vilania com um ato aparentemente legal, solicitando quebra dos sigilos fiscal, bancário e bursátil da conselheira e sua família, que nem por um átimo estão associados às questões investigada pela CPI da Pandemia, inclusive o desleixo do governador Wilson Lima, sutil e constantemente protegido por seu parceiro Omar Aziz, nesse episódio da crise sanitária devastadora no Amazonas.

Yara buscou na Justiça a resposta aos arreganhos do senador e ingressou, no STF, com mandado de segurança. O ministro José Roberto Barroso concedeu a liminar favorável à conselheira e não encontrou, nas alegações do presidente da CPI, indícios que pudessem justificar o tal pedido de quebra de sigilos.

Nos últimos dias, rompi o silêncio – por vezes tão necessário para se refletir com clareza sobre nossos deveres – e resolvi expor algumas das várias tramas vindas do cérebro perverso e ingrato de Omar Aziz. O que tenho feito é jogar luz sobre os fatos, é fazer com que a verdade se sobressaia em meio a teia de mentiras que ele engendra.

Minha luta é aberta, é de frente!

*Diplomata, é diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do CPJUR – Centro Preparatório Jurídico, foi deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, Conselheiro da República, ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos, três vezes prefeito da capital da Amazônia.

É preciso combater a violência, empoderar a mulher e reduzir as desigualdades

Só no Amazonas, o aumento de agressões contra a mulher no período da pandemia foi de 34%, com o registro de 6 mil casos a mais que os registrados em 2019

Esta semana tive a honra de participar do Webinar ’15 Anos da Lei Maria da Penha’, promovida pelo Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico (CPJUR), coordenado por mim. Estive ao lado de duas mulheres excepcionais e empoderadíssimas, a ministra do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha, única mulher a integrar esse tribunal e também a primeira em presidi-lo ao longo dos seus mais de 200 anos de existência, além da presidente do PSDB Mulher-AM, Conceição Sampaio, que já foi deputada estadual e federal e secretária municipal.

Durante o debate chegamos a algumas conclusões como, por exemplo, que há inúmeros avanços que a Lei Maria da Penha trouxe no combate à violência doméstica, mas ainda existe um largo e árduo caminho a ser percorrido para garantir a equanimidade. As mulheres continuam sendo vítimas de violência física, psicológica, sexual e patrimonial. Só no Amazonas, o aumento de agressões contra a mulher no período da pandemia foi de 34%, com o registro de 6 mil casos a mais que os registrados em 2019. Então é preciso garantir o que já foi conquistado e avançar mais ainda.

A Lei Maria da Penha, considerada pela Organização das Nações Unidas como a terceira melhor legislação do mundo de proteção e garantia dos direitos da mulher, criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, consagrando os dispositivos da Constituição Federal brasileira, da Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres e, também, da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Violência contra a Mulher. Entre as medidas, estão a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, alteração do Código de Processo Penal, do Código Penal e da Lei de Execução Penal.

Os benefícios são imensos, como a criação de medidas protetivas de urgência para as vítimas de violência doméstica; reforço das Delegacias de Atendimento à Mulher, da Defensoria Pública e do Ministério Público e da rede de serviços de atenção à mulher em situação de violência doméstica e familiar; prevendo, ainda, uma série de medidas de caráter social, preventivo, protetivo e repressivo. Por meio da Lei Maria da Penha foi possível definir diretrizes das políticas públicas e ações integradas para a prevenção e erradicação da violência doméstica contra as mulheres, e aí está um dos maiores avanços: o reconhecimento da obrigação do Estado em garantir a segurança das mulheres nos espaços públicos e privados, tanto na prevenção e atenção ao enfrentamento da violência, quanto ao atendimento às mulheres vítimas.

Aqui abro um parêntese para dizer o que fiz, como homem público e governante de uma cidade como Manaus, como política pública voltada para mulheres. Criei a Subsecretaria Municipal de Políticas Afirmativas para as Mulheres, em janeiro de 2017, integrada à Secretaria da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos, tão brilhantemente conduzida pela nossa debatedora Conceição Sampaio, na formulação e execução de ações voltadas para a prevenção, combate e enfrentamento à violência, por meio de assistência social e jurídica, além de acompanhamento psicológico das mulheres em situação de violência doméstica.

Criamos a primeira Unidade Móvel de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, ampliando a rede de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e ampliamos a divulgação de informações em prol da disseminação da Lei Maria da Penha e outros direitos constitucionais, em parceria com instituições e movimentos ligados às políticas de trabalho, educação, saúde, moradia, meio ambiente e justiça. Também promovemos a emancipação feminina por meio da realização de cursos de qualificação, visando à geração de renda e o empreendedorismo, trabalhando junto a mulheres que não conseguiam se libertar da violência e abusos dos parceiros por uma questão de sobrevivência econômica.

Além disso, o programa habitacional do município, criado em nossa gestão, priorizou o título dos imóveis em nome das mulheres, por considerar que elas são as principais protetoras da família, sobretudo em caso de separação, assumindo a guarda dos filhos.

É assustador que, em pleno século 21, a violência contra a mulher, no âmbito familiar ou extrafamiliar, ainda seja tolerada pelo poder público e ainda se apresente como o maior empecilho para superar as desigualdades de gênero, porque subtrai ou impede os direitos e as liberdades de mulheres e meninas. Ainda há abismos enormes, e isso nos remete, também, aos aspectos culturais, sociais e econômicos, em um país como o Brasil, que ainda tem fortemente impregnado a fictícia superioridade masculina, em seus vários aspectos. O machismo e o patriarcado, mesmo arcaicos e obsoletos, ainda regem as relações sociais e precisamos dar um basta a isso, porque essa é a fonte da iniquidade entre gêneros e está no subjetivo da relação entre homens e mulheres, com a violência perpetuando as desigualdades e impedindo o pleno desenvolvimento das mulheres em todos os aspectos da vida.

*Diplomata, é diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do CPJUR – Centro Preparatório Jurídico, foi deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, Conselheiro da República, ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos, três vezes prefeito da capital da Amazônia.