O desmonte do governo Bolsonaro

“Isso é grave e mostra que o barro dos pés do santo derreteu irreversivelmente”

Ainda faltando mais de um ano para o fim do mandato do presidente Bolsonaro, o governo passa por um desmonte sem precedente porque não se trata de uma reforma administrativa, de um rearranjo político em seus quadros, mas simplesmente da total falta de afinidade, confiança e credibilidade dos seus técnicos de alto nível nas políticas – ou a falta delas – nos diversos campos da administração. Isso é grave e mostra que o barro dos pés do santo derreteu irreversivelmente.

Houve debandada geral na equipe econômica, que desde o início do governo perdeu 21 integrantes no Ministério da Economia, no IBGE e em estatais, sendo que a última revoada foi a manifestação aberta de discordância do rumo adotado pelo governo em driblar o orçamento, furar o teto de gastos e manter o orçamento secreto. E se a discordância vem de dentro, com essa reação, só podemos confirmar todos os nossos temores e certezas de que está tudo muito errado mesmo.

Tivemos debandada também na área da educação, com o pedido de demissão coletiva dos técnicos do Inep, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, órgão responsável pela elaboração do Enem e de avaliar o ensino básico no país. Perda lamentável, que veio coberta de acusações dos servidores, incluindo o de assédio moral praticado pelo dirigente.

Há desmonte ainda na ciência e tecnologia, dessa vez pelo corte de recursos que impede que se façam os experimentos, os testes, as pesquisas, que se invistam em equipamentos e aparelhos necessários e em material humano. Isso sem contarmos as agências de fiscalização e controle na área ambiental, indígena, entre outras.

Enfim, o governo Bolsonaro está derretendo, desmoronando por dentro. Não é normal ver isso acontecer em um país como o Brasil que estava, há décadas, entre as principais economias do mundo. Recuperar todas as instituições que são necessárias à economia e ao desenvolvimento social deve ser a principal prioridade do próximo governante, devolvendo ao país sua credibilidade e aos seus servidores o orgulho de estar praticando políticas públicas corretas e em favor da população.

Sobre o autor

É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico. Foi por 20 anos deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.

O Brasil precisa de expectativas

O Brasil precisa de esperança. Precisa de um novo governo que traga na bagagem o saber fazer, o saber organizar as contas, controlar a inflação.

Na última semana, os órgãos oficiais de pesquisas econômicas admitiram que o Brasil está em recessão técnica. Isso porque, nos últimos seis meses consecutivos, houve queda na produção de bens e serviços no país, ou seja, houve queda do Produto Interno Bruto (PIB) e a economia está encolhendo. Outros órgãos, como a Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, vão mais fundo na análise e afirmam que o Brasil está em recessão desde março de 2020. De qualquer forma, isso significa menos emprego, menos renda e qualidade de vida para a população e os negócios enfrentam momentos complicados.

As análises também apontam o crescimento da inflação, superando a faixa de 2 dígitos, nos últimos 12 meses. É o combustível, a energia elétrica, o gás e o aumento acelerado no preço dos alimentos que vêm agravando a alta da inflação. Minha intuição diz que superará os 12% e desses, 2% serão pagos pela classe média, 10% pelos mais pobres e zero para os mais ricos, que têm meios de enfrentar esse momento com tranquilidade, sem mexer em nada no seu patrimônio. No bolso do mais pobre, pesa o preço dos alimentos e ele não tem como fugir disso.

O governo brasileiro acena para os mais pobres com o aumento do auxílio, que a curto prazo pode trazer a sensação de que as coisas podem melhorar, mas no médio e longo prazo, vai provocar mais recessão, mais inflação, mais desemprego, além, é claro, da completa desorganização das contas públicas. Para quem vai receber o benefício será bom, em um primeiro momento, mas os R$ 400 do primeiro mês não serão os mesmos no segundo, terceiro e assim por diante, frente à inflação que avança.

Já disse antes e repito: a economia vive de expectativas. E se a expectativa é ruim, o resultado pode ser bem pior. Nesse cenário, param os investimentos, o consumo é brecado tanto pela alta dos preços quanto pela falta de dinheiro circulando; os empregos, que são insuficientes, minguam ainda mais. É o círculo de retroalimentação da economia. As expectativas para o final do ano são ruins e para 2022 são ainda piores.

O Brasil precisa de esperança. Precisa de um novo governo que traga na bagagem o saber fazer, o saber organizar as contas, controlar a inflação, executar a Lei de Responsabilidade Fiscal, reduzir despesas e aumentar capacidade de investimento, saber conciliar o bom desempenho da economia com a sensibilidade social. O Brasil precisa de esperança, boas expectativas e foco na retomada econômica.

Salvar a Amazônia, salvar o Brasil

“Sinto que está nascendo a campanha “Salve a Amazônia, riqueza de todos os brasileiros”

Acabei de percorrer o Brasil, levando a mensagem da democracia, da importância fundamental da Amazônia e do Amazonas para todos os brasileiros e destinos do planeta.

Fiz isso com muito suor e amor. E sinto que está nascendo a campanha “Salve a Amazônia, riqueza de todos os brasileiros” que, certamente, alcançará a amplitude do “Petróleo é nosso”, dos anos 50 do século XX. Nenhum brasileiro de boa vontade ficará insensível diante de chamamento tão nobre e urgente. Afinal, se a floresta, irmã siamesa dos nossos majestosos rios, minguar, obviamente as águas secarão. Virarão córregos. Sem contar a ação poluidora do garimpo que grila terras indígenas, assassina impunemente e despeja o cancerígeno mercúrio sobre águas que precisam ser puras.

As folhas das árvores garantirão os remédios para tantas doenças que assustam o mundo inteiro, garantirão uma riqueza trilionária para nossos irmãos brasileiros. E dois cientistas serão fundamentais nesse trabalho: aqueles formados nas universidades e os indígenas e populações tradicionais, que são doutores na maior e mais rica floresta da Terra.

As águas doces, potáveis e de fácil extração, são amazônicas. Daqui a algumas décadas representarão valiosíssimo produto de exportação. Desrespeitá-las e à floresta significa desdenhar do futuro das gerações que vão chegando.

Mulheres, homens, jovens de todas as idades – a juventude mora no coração e no cérebro de cada uma e de cada um – a luta precisa resultar na preservação da natureza, no fim do desemprego, da fome, do desespero, das injustiças de quaisquer procedências.

Somente assim a vida valerá a pena de ser vivida.

*É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico. Foi por 20 anos deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.

As lições que o Brasil não quer aprender sobre o garimpo

Trata-se de uma verdadeira cidade flutuante, com mais de 600 balsas invadindo os rios amazônicos

Esta semana o mundo ficou estarrecido diante da catástrofe, que eu venho anunciando nos últimos anos, que está tomando conta de dois dos principais rios amazônicos, o Madeira e o Solimões, com a invasão de balsas escavadoras de minérios que chegam para explorar o ouro nos leitos dos rios, levando destruição à floresta amazônica, contaminação às águas e da biodiversidade aquática, doença e morte às pessoas e o poderio armado do crime organizado.

Essas imagens causaram grande impacto e não é para menos. Trata-se de uma verdadeira cidade flutuante, com mais de 600 balsas invadindo os rios amazônicos, ameaçando os municípios amazonenses de Borba, Nova Olinda do Norte, Novo Aripuanã e Autazes. Isso exige de todos os órgãos competentes, sociedade civil, organizações não-governamentais, todos, que atuem em defesa da nossa gente e do nosso patrimônio genético, cultural e humano.

A ameaça do garimpo ilegal não é nenhuma novidade no cenário amazônico. Há 40 anos – e eu estive à frente das denúncias das mazelas provocadas – a descoberta de grande quantidade de ouro no sudeste do Pará provocou a instalação do maior garimpo a céu aberto do mundo, Serra Pelada, um cenário de horror, com ações de desumanidade e destruição ambiental em pleno bioma amazônico. O problema está de volta em toda a sua força, apesar das denúncias feitas por mim e por uma boa quantidade de organizações ambientais e indigenistas.

Há coincidências de pensamento dos que se debruçam sobre o problema para apontar as causas desse recrudescimento: o aumento do preço do ouro no mercado internacional; a desarticulação das agências de controle, fiscalização e repressão; a simpatia do atual governo federal por essa atividade criminosa; uma legislação frágil e facilitadora para tornar legal o ouro produzido de forma ilegal e criminosa; e o investimento maciço das principais organizações criminosas do país no garimpo, para ‘diversificar suas carteiras de negócios’, como publicou recentemente o jornal O Globo.

No momento, os invasores dispersaram, mas a demora das ações de coerção impossibilitou conter o avanço deles. Além disso, o fato de terem sumido não significa que não irão agir mais. Urge mudanças na legislação que inibam e tornem mais difícil transformar o ouro obtido de forma criminosa em ouro de boa procedência. As agências de regulação, de controle, de fiscalização e de combate devem ser reestruturadas, receber recursos, equipamentos, tecnologias e pessoas qualificadas para exercerem suas funções. Mas, isso é esperar demais desse governo.

Só nos resta gritar, denunciar, exigir, mostrar para o mundo e para os brasileiros que enquanto permitirmos que destruam a Amazônia não teremos futuro.

*É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico. Foi por 20 anos deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.

Não aceitarei que o partido com maior legado deixado ao Brasil seja sabotado

É hora de os tucanos encararem suas verdades de frente, vencer o desafio de prévias e chegar ao final do processo limpo, mais magro e com musculatura.

Estava tudo preparado para ser o grande momento do PSDB nos últimos anos, um momento que marcaria o seu reencontro com a militância e suas raízes democráticas, com um apelo forte à reconstrução econômica do país, com sensibilidade social e com a Amazônia colocada na agenda do partido. A votação das prévias, no último domingo, não foi como esperada e, sendo franco, não foi por falta de alertas. Desde o começo, defendi, assim como o candidato João Doria, prévias universais, com direito ao voto de todos os filiados e sem peso diferenciado – um homem, um voto – assim como defendíamos, também, o uso do sistema de urnas eletrônicas, que tão bem fez e faz para nossa Justiça Eleitoral. Mas, tenho certeza que as falhas serão sanadas para que nossos filiados possam escolher o nome que julgam ser o melhor para representá-los nas eleições presidenciais de 2022.

Considero as prévias muito mais que a escolha de um nome, elas são a oportunidade do PSDB se soerguer, voltar às suas origens. Somos o partido da social-democracia e nele não cabe voto a favor de PEC dos Precatórios, não cabe dinheiro de emenda de relator. Claro que para deixar limpo é preciso antes mexer na sujeira, e nada de jogar para baixo do tapete. Quero um PSDB unido, sim, mas por aqueles que realmente representem o espírito tucano. Sou daqueles que prefere uma verdade amarga, que uma doce mentira. É hora de os tucanos encararem suas verdades de frente, vencer o desafio de prévias e chegar ao final do processo limpo, mais magro e com musculatura.

Fui muito claro durante a campanha ao dizer que o PSDB precisa se purgar. Eu vejo que o partido hoje é como um caminhão carregado de maçãs boas, mas tem uma que está podre e está contaminando algumas ao seu redor. Essa maçã tem nome e sobrenome: Aécio Neves. Sou a favor de que, logo após a conclusão das prévias, o PSDB coloque na mesa essa discussão. O que nos interessa um partido com uma considerável representação no Congresso, se esses representantes não jogam a favor do partido, mas de interesses particulares, jogam pelo clientelismo? De que nos serve, a não ser desacreditar o partido, desestabilizá-lo e apequená-lo no cenário nacional, tornando-o chacota nas rodinhas do poder? Sou a favor de desinflar esse balão, retirando o gás nocivo.

Não vamos esmorecer. A democracia já precisou de lutas muito mais travosas que essa. E vamos juntos salvar o PSDB, encher de dignidade, orgulho e esperança os nossos militantes e também o povo brasileiro. Vamos à luta! Ela nem sempre é justa e quase sempre é dura e amarga. Mas a vitória é, sem dúvida, o maior regozijo. Repito aqui a frase imortalizada de um tucano verdadeiro em alma e essência, Mário Covas. “Adversidade? Não me venham falar em adversidade. Diante dela só há três atitudes possíveis: enfrentar, combater e vencer”.

Vamos juntos construir um novo rumo para o Brasil

Neste domingo (21), 44 mil filiados do PSDB vão escolher, entre os três nomes disponíveis, aquele que irá nos representar nas eleições de 2022

Chegou a hora! Neste domingo (21), 44 mil filiados do PSDB vão escolher, entre os três nomes disponíveis, aquele que irá nos representar nas eleições de 2022 e que apresentará ao Brasil um plano de governo capaz de restaurar as esperanças do povo brasileiro. Durante a campanha das prévias, viajei para todas as regiões do País, fazendo uma verdadeira cruzada pela democracia, pela Amazônia, pelo Brasil e pelo PSDB. Honrei meus compromissos com o Amazonas nos espaços mais altos da política brasileira. E espero ter aberto as portas para que outros políticos amazonenses possam pleitear o cargo de presidente daqui em diante.

As pessoas sempre me perguntam qual é minha expectativa em relação ao resultado. Sei que minhas chances de ganhar são menores, até porque nessa primeira experiência ainda não tivemos votos universais e com o mesmo peso para todos os filiados. Mas, considero-me o grande vencedor. Primeiro, pela simples realização das eleições primárias para presidente, que defendo desde 2017; segundo, porque pude percorrer o Brasil levando minhas bandeiras de campanha, sobretudo colocando a Amazônia como agenda prioritária do partido nas Eleições 2022; por fim, porque acredito que as prévias vão fortalecer o PSDB, devolvendo ao partido a seriedade, ética e transparência, colocando-o de volta no centro das decisões do País.

Essa é uma marca da minha trajetória política, de minha história de vida. Levar à compreensão das pessoas que a Amazônia é a região mais estratégica do mundo e, obviamente, do Brasil. É a região que, se trabalharmos bem, poderemos a médio prazo criar oportunidades econômicas e alimentar todos os cidadãos brasileiros, desde que mantenhamos a floresta em pé. Sabemos que o Polo Industrial de Manaus possui vários inimigos e precisa urgentemente ser remodelado, mas enquanto não houver outra alternativa de desenvolvimento para o Estado, é ele que mantém 95% da floresta preservada no território amazonense. Isso deve ser considerado de maneira pragmática pelos críticos do modelo da Zona Franca de Manaus. Levei essa mensagem e acredito que muitos entenderam.

Meu objetivo foi e é tornar a Amazônia uma discussão nacional, quebrando certo preconceito e desconhecimento em relação à região. E estou muito satisfeito com os resultados. Precisamos massificar esse tema, deixar claro que o Brasil sem a Amazônia é insignificante e devemos olhar para ela com sabedoria e humildade. É obrigação dos brasileiros salvar aquela região, porque ela salvará o Brasil.

Minhas expectativas são as melhores com as prévias tucanas e sonho com um PSDB verdadeiro e sinceramente unido para retomarmos a trajetória do partido que deixou o maior legado que a República brasileira já conheceu. Vamos juntos à luta e vamos à vitória pelo Brasil.

*É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico. Foi por 20 anos deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.

É hora de reconstruir o Brasil

Lamentavelmente, será algo em torno de 2% dos filiados que estarão aptos a votar

Publicado em 14 de novembro de 2021 às 07:59

Chegamos na reta final da campanha pelas eleições primárias do PSDB. Daqui a exatamente uma semana, os filiados do partido que se cadastraram no sistema eleitoral poderão escolher, entre três candidatos, quem eles querem que os represente na disputa eleitoral de 2022 para a presidência da República. Lamentavelmente, será algo em torno de 2% dos filiados que estarão aptos a votar. Mas, tenho a convicção de que 30 mil pessoas fazendo suas escolhas dão muito mais credibilidade e legitimidade ao resultado que um punhado de caciques ou algumas dezenas de delegados falando por todos. As prévias do PSDB representam um momento único, de vanguarda na política brasileira. É óbvio que precisamos aprimorar o processo, mas estamos um passo à frente dos outros partidos.

Tenho sabores diversos nessa caminhada. Um sabor doce de vitória, carinho e compreensão, que obtive em todas as cidades em que fui e, com a certeza, de que minhas mensagens foram compreendidas; um sabor de inconformismo, por saber que, por ser do Amazonas, um Estado politicamente frágil, alguns tratam minha candidatura como algo estranho, com um indisfarçável preconceito; sabor de indignação, por confirmar o muito que está sendo feito para desmantelar este país, levando milhões de pessoas ao desemprego, à fome, à miséria. Mas, acima de tudo, um sabor de esperança, de confiança de que podemos resgatar a economia e a confiança da população em dias melhores.

Mais do que nunca, é preciso falar para o Brasil. Dizer que é necessário parar, de imediato, o desmanche que está sendo feito na economia, na saúde, na educação, no meio ambiente e nas políticas sociais. E para isso é necessário, primeiro e antes de tudo, reinserir em cena o tripé da economia que garantiu o sucesso do Plano Real: responsabilidade fiscal, controle da inflação com metas e o câmbio flutuante. Sem isso não é possível fazer nada. Depois, é imprescindível investir em geração de emprego e renda, atraindo investimentos privatizados e públicos para as obras de infraestrutura, dentro e fora das áreas urbanas, colocar em prática os programas de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, possibilitando a inserção do Brasil em uma economia de produtos verdes, estimada em trilhões no mercado mundial, e no Plano de Desenvolvimento do Nordeste, oportunizando seus produtos culturais, turísticos e outros segmentos.

É preciso investir em educação, que é a chave para que possamos sair desse imbróglio. Investir em saúde pública, em programas sociais voltados para os mais pobres, mas com data de saída, onde possamos investir nas pessoas e promover a autonomia e emancipação delas. Precisamos governar com os olhos bem direcionados para as mulheres, negros, povos indígenas, LGBTQIA+, enfim, todos os que mais precisam.

Quem for o próximo governante do país vai encontrar uma terra arrasada, resultado de um total desgoverno que não precisa de impeachment e sim de uma interdição. É um governo que não tem programa e atrai pela fisiologia. É lamentável ver parlamentares aderindo ao fisiologismo, vendendo suas consciências.

Durante essa campanha das prévias estive viajando pelo Brasil. Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste, Norte. Fui muito bem recebido e sou muito grato. Tenho consciência de que, se não votarem em mim, votarão nas causas que defendo, na democracia e no fortalecimento e ressignificação do PSDB no cenário político nacional.

Vou continuar minha cruzada, de fé, de amor ao Brasil e aos brasileiros, de amor à Amazônia. Ficarei feliz com a votação que tiver e estarei com o PSDB, seja qual for o resultado, para construirmos uma candidatura possível de trazer nossa nação de volta a uma história pujante de riquezas e aspirações nacionais e mundiais. Estou convencido de que o Brasil precisa de um governante que conheça realmente a Amazônia e que tenha experiência efetiva de governar, qualidades que reúno. Coloco-me à disposição do meu partido e do meu país, sempre!

* É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico (CPJUR). Foi por 20 anos deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.

Precisamos de mulheres pensando o Brasil

O voto feminino, em todo o mundo, representa a melhoria das políticas públicas para reduzir as desigualdades

Publicado em 7 de novembro de 2021 às 07:59

No último dia 3 de novembro, o Brasil celebrou a instituição do voto feminino, após uma luta que durou quase 100 anos. Muito mais que o direito de escolher seus representantes no Legislativo e no Executivo, o voto feminino, em todo o mundo, representa a melhoria das políticas públicas para reduzir as desigualdades, principalmente aquelas que atingem as próprias mulheres, as crianças e os homens trabalhadores, com a ativa participação delas, na articulação, negociação, elaboração e aprovação de leis mais humanizadas.

Na Europa do século XIX, o movimento sufragista feminino lutava pelo fim do trabalho escravista a que eram submetidos homens, mulheres e crianças maiores de 3 anos de idade e por melhores condições de moradia, de salários, de educação e de vida, enfim. E, em plena Londres, onde a industrialização avançava para enriquecer a economia do país, havia um apartheid real, com uma linha divisória muito nítida que separava os bairros ricos dos bairros do East End, sinônimo de pobreza, doenças, superlotação e criminalidade.

As mulheres sufragistas lutavam para melhorar as condições dessas pessoas e, após longa batalha, muita dor e perseguição, vitórias foram conquistadas na Europa e em alguns estados norte-americanos mais progressistas. Exemplo dessas vitórias são o voto feminino, as reduções de jornada de trabalho, a proibição do trabalho infantil, a garantia de educação a meninos e meninas e o acesso das mulheres às universidades, apenas para citar algumas delas.

Portanto, fica claro que o voto feminino vai muito além do simples direito ao exercício democrático de escolher representantes, o que já seria grandioso, se a realidade fosse outra menos dramática. O movimento feminista vai também muito além da romântica cena de queimar sutiã em praça pública, imagem mais que celebrada na década de 1970. Exigiu delas muita força, coragem e determinação para colocar as suas condições, exigir que a parte majoritária da sociedade fosse ouvida e respeitada.

No Brasil, a luta das mulheres pelo direito de votar ganhou força a partir do final do século XIX, quando foi aprovada a Lei Saraiva, que permitia que todo brasileiro com título científico pudesse votar e a cientista Isabel de Souza Matos, de forma inteligente, exigiu na Justiça seu direito ao voto. Surgiram movimentos e partidos, como a Federação Brasileira para o Progresso Feminino, liderada pela feminista Berta Lutz, que assim como as sufragistas da Inglaterra, lutava pela inserção da mulher no mercado de trabalho, pelo direito à educação e pela conquista do voto feminino, que só chegaria em 1932, com a primeira eleição com participação feminina em 1933.

Atualmente, a luta é ainda maior. Não só queremos mulheres votando, exercendo seu direito a escolher seus representantes. Queremos resgatar esse sentido de que o voto feminino vai além. Queremos as mulheres participando ativamente da vida pública, seja como representantes do povo pelo voto, seja como cabeças de movimentos que reivindiquem políticas públicas eficazes para o bem-comum, ou como servidoras públicas competentes a pensar e executar essas políticas públicas. Queremos avançar à paridade de gênero, em todos os serviços públicos e, também, na vida partidária, com maior participação das mulheres na identidade de seus partidos, na conduta de suas bancadas e na disputa do voto.

Mais de 50% da população e do eleitorado brasileiro é formado por mulheres e as condições subumanas ainda estão aí para nos envergonhar. Precisamos delas na linha de frente dessa luta. Eu repito aqui a frase do cientista político inglês Edmund Burk: tudo que o mal precisa para prevalecer é que os bons não se manifestem.

Precisamos, portanto, de mais mulheres na política e na administração.

* É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico (CPJUR). Foi por 20 anos deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.

Salvemos os povos indígenas, antes que seja tarde

Líderes de 196 países estarão reunidos em Glasgow, na Escócia, para avaliar as metas para reduzir o aquecimento global

A partir deste domingo, 31 de outubro, líderes de 196 países estarão reunidos em Glasgow, na Escócia, para avaliar o que foi feito no cumprimento das metas do Acordo de Paris para reduzir o aquecimento global. O Brasil não fez a lição de casa, ao contrário, apresenta uma proposta de aumentar sua cota no aquecimento global e está dando mostras muito claras com a política de “passar a boiada”, deixada como herança pelo ex-ministro do Meio Ambiente.

A 26ª Conferência das Nações Unidas para a Mudança do Clima (COP26) não deverá trazer boas notícias para o mundo, mas esperamos, ao menos, mais compromisso, menos conversa e mais ação para impedir o que vem ocorrendo com a nossa Amazônia, por exemplo, sob ataque constante e crescente de tudo o que é pernicioso: grilagem, garimpo e extração de madeira ilegal, contaminação dos rios, desmatamento, queimadas. Um surto de insensatez, insanidade, omissão criminosa.

No meio de tudo isso, uma situação das mais graves e inquietantes diz respeito às terras indígenas, que têm um papel significativo no combate às mudanças climáticas, e aos povos indígenas, parceiros essenciais para conservação da floresta em pé, nas mais de 560 demarcações de terras indígenas do Brasil. O ano de 2020 foi trágico para os indígenas brasileiros. Ficou marcado pelo alto número de mortes ocorridas em decorrência da má gestão do enfrentamento à pandemia no Brasil e pela invasão de suas terras por grileiros, garimpeiros, madeireiros e outros invasores, que atingiu 201 terras indígenas, de 145 povos, em 19 estados.

O número de indígenas assassinados no Brasil, em 2020, foi o mais alto em 25 anos, com 182 mortes. É cruel. É mais um genocídio indígena, em pleno século XXI. E isso está corroborado no relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil, um trabalho apuradíssimo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Não estou inventando nada. Venho alertando para isso há muito tempo e, graças a Deus, não estou sozinho nessa caminhada.

O relatório dá o exemplo da Terra Indígena Yanomami, onde é estimada a presença ilegal de 20 mil garimpeiros. Eles devastam o território, provocam conflitos, praticam atos de violência contra os indígenas e, ainda, atuam como vetores do coronavírus. Eu passei todo o ano de 2020 alertando para isso, pedindo até mesmo a ajuda internacional para evitar o caos e o massacre da população indígena. Lamentavelmente, perdemos parte importante da nossa cultura milenar e aliados na busca de alternativas para o uso sustentável da nossa floresta.

A Funai, é claro, não reconhece nenhum dado do relatório realizado pelo Cimi. A exemplo de outras instituições governamentais que deveriam trabalhar para proteger a Amazônia e os indígenas, proteger o patrimônio biogenético brasileiro, nossas águas, nossa fauna, flora e, principalmente, nossa gente, a Funai está desbaratada, desarticulada, imobilizada em suas funções de regulamentar, fiscalizar e punir os criminosos.

É um quadro devastador e clamo para que todos nós, especialmente os amazônidas, onde vive a maioria das etnias indígenas do Brasil, nos unamos em uma só voz em defesa dos povos originários. Precisamos fortalecer nossas instituições indígenas, trabalhar planos de gestão territorial e ambiental, entre outras atividades e, principalmente, agir com mão dura contra os crimes praticados hoje.

Que a Cúpula do Clima reunida em Glasgow não se atenha meramente aos números de emissão de carbono na atmosfera, mas saiba ver o que está em primeiro plano nessa questão, que é a vida em todas as suas formas, humanas ou não.

Salvemos nossos povos indígenas, antes que seja demasiado tarde!

* É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico (CPJUR). Foi por 20 anos deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.

A Amazônia é nossa! Essa campanha já pegou

São muitas as razões para comprarmos essa ideia e nos mobilizarmos em torno dessa campanha

Concluí meu giro pelas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste em campanha pelas prévias do PSDB levantando a bandeira de defesa da Amazônia, um grito pela salvaguarda de nossa soberania mas, acima de tudo, pela proteção da nossa maior riqueza, a biodiversidade amazônica e a necessidade urgente, urgentíssima, de traçarmos e colocarmos em prática um Programa Nacional de Uso Sustentável dos Recursos Naturais da Amazônia, com ampla aceitação do mercado internacional, seja pela indústria farmacêutica, cosmética e alimentícia, seja pelos serviços que prestamos ao meio ambiente e ao equilíbrio do planeta.

São muitas as razões para comprarmos essa ideia e nos mobilizarmos em torno dessa campanha: A Amazônia é nossa! E é nossa para cuidarmos, defendermos e usufruirmos. É ela a nossa última fronteira de desenvolvimento para o país, é o cartão de boa conduta junto às comunidades internacionais e é a nossa possibilidade de legar um planeta habitável para a humanidade. Estou feliz com a aceitação. Quando falo isso para as pessoas, elas vibram, ficam em êxtase.

Essa campanha já pegou e vai dar certo, como deu certo a campanha “O Petróleo é nosso”, que movimentou o Brasil a partir do final da segunda guerra mundial, tendo à frente diversas figuras de peso, como o meu pai, o senador Arthur Virgílio Filho. Foi um movimento nacionalista? Sim. Mas eles entendiam como de vital importância que a independência econômica viesse junto com a independência política que chegava pelos movimentos democráticos. O movimento ganhou as ruas, foi para o Congresso e, dois anos depois, foi criada a Petrobrás e a Lei do Petróleo foi aprovada.

Precisamos disso, mobilizar a nação, mostrar que sem Amazônia não haverá Brasil no futuro, que seremos um país apequenado e sob risco de intervenção internacional, de perdermos nossa soberania sobre a floresta amazônica, porque o país não cumpre seus acordos de redução do impacto ambiental, de manter a floresta em pé e o equilíbrio do planeta, com a redução do aquecimento global. Pior, enfraquece os órgãos de controle e fiscalização, estimula atividades criminosas como o garimpo, a exploração ilegal de madeira, a grilagem e a invasão de terras indígenas. É preciso parar com essa devastação!

Por que não usarmos as riquezas da Amazônia e suas potencialidades econômicas internacionais para nos tornarmos, aí sim, um gigante da economia, uma megapotência mundial? É preciso planejar, investir em ciência e tecnologia, identificar mercados, atrair investimentos nacionais e estrangeiros, unir o conhecimento científico com o dos povos tradicionais e, acima de tudo, manter a floresta em pé.

Fiquei muito feliz com a receptividade que tive em todos os estados por onde passei. Encontrei pessoas maravilhosas do meu partido e de fora dele. E tenho certeza que falei o que elas queriam ouvir, senti a alegria e o carinho na recepção e nos questionamentos que me faziam.

Falei muito de Amazônia, sim. Mas falei também do compromisso fundamental do PSDB com a democracia, acima de tudo, com a recuperação econômica do país, com a necessidade de voltar a dar esperanças ao povo, de um país livre, democrático, saudável e com expectativas e esperanças para seu povo.

Com as prévias, o PSDB, se apresenta como uma forte via que pode e deve ser a alternativa para reestruturar o país. O partido agora precisa se reafirmar como opção de poder, retomar com muita força sua trajetória na história do Brasil, como o autor das maiores e mais significativas mudanças nos campos econômico, político e social, liquidando a hiperinflação, fazendo a primeira geração de reformas estruturais e reforçando as suas ideias-base, suas ideias-força.

A campanha das prévias enche meu corpo de adrenalina boa, reaviva ainda mais minha vontade e capacidade de luta. Em breve estaremos no Norte. Faltam menos de 30 dias para a eleição das prévias e eu estou na luta. Como dizem no jargão do futebol: estou na área, se derrubar é pênalti.

* É diretor do Núcleo de Educação Política e Renovação do Centro Preparatório Jurídico (CPJUR). Foi por 20 anos deputado federal e senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, líder das oposições no Senado por oito anos seguidos e três vezes prefeito da capital da Amazônia.